Frequentemente tenho contato com conteúdos sobre a história do Brasil pelo fato da minha profissão (como professor de História e Geografia) me impor cotidianamente este ofício.
Meu resumo até agora sobre a vida política, social e econômica do país pode ser o seguinte:
O Brasil começou em desigualdade, exploração e corrupção desde seus primórdios. As capitanias hereditárias impulsionaram a riqueza na mão de poucos e a sua perpetuação. As câmaras municipais e os governos gerais exalaram a corrupção luso-brasileira na colônia. Nosso país recebeu a mentalidade de bandeirantes que eram criminosos na metrópole e que ao serem exilados ao Brasil, transmitiram a cultura da roubalheira e do jeitinho brasileiro.
A escravidão e a economia de exportação do mercantilismo aprofundaram e foram a base para a exploração e violência. A abolição mal feita da escravidão somente modernizou esta escravidão e deslocou os pobres das fazendas para as favelas e periferias, causando miséria e pobreza. Muitos dos descendentes de escravos ou se tornaram humildes trabalhadores, ou criminosos revoltados. Poucos mudaram de status social e ascenderam à vida digna e à riqueza.
Quando o Brasil se tocou que nem só de café ele poderia viver, houve a era da industrialização. Muito mal feita, por sinal. Foi nesse cenário que os políticos populistas se aproveitaram da fragilidade do povo e semearam a cultura política populista. Vargas foi o pai fundador deste populismo e o governante que jogava do lado que lhe beneficiava melhor; um grande toma lá da cá. Na segunda ele jogava a favor da esquerda e na quinta: estava com a direita. Tudo isto porque amava o poder acima de tudo e de todos!
Mas com a maturidade, já em seu último governo, Getúlio planejava desenvolver o país. Criou a Petrobrás, o BNDE, bem como esteve disposto a dar prioridade para a nacionalização das empresas e para o trabalhador que seria o sustentáculo da indústria brasileira. Esta atitude que não servia aos desígnios dos EUA, que tinha interesses imperialistas nos recursos brasileiros, fez com que Getúlio enfrentasse oposição de fora e de dentro! A ruína de Getúlio foi querer fazer do Brasil um país desenvolvido e emancipado industrialmente. Isso não era bom para a política estadunidense e qualquer político que tentasse algo parecido, como João Goulart e suas reformas de base, sofreria um golpe militar financiado pelos Estadunidenses e pela elite brasileira aliada.
Décadas se passaram e a política brasileira está condenada ao populismo de sempre. Políticos que conquistam o povo pelo carisma e não pelas propostas; e os que apresentam propostas decentes sofrem a indiferença e o bocejo do povo. Por que? Porque o brasileiro não tem memória; não analisa a história. Seja porque só tem tempo para trabalhar e sobreviver, seja porque seus lazeres são destinados apenas à cultura K-pop, barzinhos, baladas e fofocas. (Nada contra, mas a vida vai além disso).
Nossa política é batida, caricata, dominada por coligações partidárias presentes no Senado. O diabo está no Senado Brasileiro e seu preço para o pedágio político é alto! Nenhum presidente governa sem vender sua alma ao centrão! Esta mentalidade veio dos primórdios do jeitinho brasileiro e contra a força da cultura e do hábito nada podem o heroísmo e a obstinação barata.
Nossa elite se vendeu para os interesses externos e para a velha economia de exportação e rejeitou a inovação e potencialização da indústria nacional. Nosso povo, embora tenha toda a informação em mãos, é manipulado por ela e não faz questão de buscar o esclarecimento.
Resta ao povo... as migalhas. E aos lúcidos: o choro e a desilusão!
-Gabriel Meiller