sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

A rotina, a falta e o excesso

 Na imagem abaixo Chronos corta as asas do Cupido. Isto simboliza que o tempo vence o amor.



Podem os melhores e maiores amores serem destruídos ou apagados pela rotina? O tempo liquida a paixão. E as repetições, bem como o excesso de convívio, pode ser um tremendo empecilho ao prazer na companhia de um companheiro, parente ou amigo. 


Somos seres da falta e do desejo faltoso por natureza, como afirmariam Lacan e Schopenhauer. Queremos o que nos falta e os fetiches são mais vivos do que as realizações das nossas fantasias. 


Era uma vez um casal cheio de entusiasmo; fizeram a promessa sagrada do amor romântico de que se amariam para sempre, até o último suspiro de algum dos enamorados. "Mendaz" urgiu o destino! "Utopia fantasiosa" sussurou a realidade cotidiana que zombou do amor romântico. A rotina atropelou as expectativas deste casal e o arranca rabo dos enamorados que se degladiavam por trejeitos e gostos diferentes, falou muito mais alto. 


O que aconteceu? Perguntaram-se após o doloroso divórcio. A realidade se mostrou; a fantasia foi pelo ralo. As máscaras caíram e cavou-se fundo nesta relação. O tempo revelou os terrenos espinhosos de ambos e decompôs as fantasias, bem como o excesso de realidade e dos descontentamentos, matou a relação. 


Conviver não é fácil. O trem das emoções frequentemente descarrila de forma trágica e no final... o lindo rosto da pessoa amada se torna um rosto enjoativo, comum e monótono. Como se apaixão nunca tivesse brotado naqueles corações. 


-Gabriel Meiller