domingo, 18 de agosto de 2024

Resposta a perguntas covardes com o entusiasmo de uma criança

   


Fluxo e refluxo. O movimento da maré é uma peça em um enorme quebra cabeça. Mas uma peça que contém uma dinâmica que está presente  no macro do quebra cabeça inteiro. A natureza da existência é intrigante e muitos aspectos gerais estão impressos em processos específicos diversos. Tornemos mais concreto esse raciocínio tão enfadonho quanto um acadêmico que escreve artigos: A comunicação é essencial para os seres humanos, certo? Uma comunicação transmite algum tipo de mensagem, seja oral (humana), seja por meio de muitos sinais. Tomemos o exemplo dos sinais que as raízes das plantas (outros seres vivos com outro tipo de consciência) passam umas as outras por meio de sinais químicos e que passam informações até mesmo sobre o ambiente. Uma planta atacada por um inseto ou praga, emite sinais para que as outras produzam defesas contra essa praga. Também podemos usar o exemplo da comunicação de células dentro do nosso corpo, outro tipo de universo; o cérebro recebe mensagens e manda mensagens por meio dos nervos e neurônios espalhados por todo o corpo e por meio de impulsos elétricos, isto é, a eletricidade como fonte energética. O que é tudo isso senão uma forma muito sofisticada de comunicação? Esse é apenas um exemplo dos mecanismos que estão aí para serem desvendados no universo. Somos exploradores jogados no universo por meio de seus próprios mecanismos e da aleatoriedade, somos a própria vida que ganhou consciência sofisticada e que desvenda a si mesma por meio do pensamento simbólico. O que é o universo? Essa pergunta é semelhante à primeira pergunta chamada como a mais covarde (sobre o que é a vida). Mas arrisco aqui a reduzir propositalmente a resposta do irrespondível ao dizer: o universo é um mistério; uma escuridão que revela cada vez mais surpresas conforme nos aproximamos com uma pequena vela que o perscruta. Mas nossa diversão é como o tempo do intervalo: mal começamos os empreendimentos e o sino da morte já se põe a tocar. Nossa luz é pequena, finita do tamanho do corpo de nossa vela, mas nem por isso… menos válida e genuína. 


-Gabriel Meiller 


sábado, 3 de agosto de 2024

O choque relativista e a luta contra o excesso do niilismo

    

Quando nascemos e somos lançados ao mundo... estamos germinando a nossa consciência que possui o tamanho de um grão de mostarda. Somos ao nascer mais vulneráveis do que os demais seres que, mesmo possuindo algum grau de conhecimento, são espancados pela existência e sua complexa falta de sentido inerente. Se um adulto muitas vezes se mata paulatinamente por meio do abuso de substâncias nocivas como as drogas em geral (legalizadas ou não) e ainda se embriaga por meio das ideologias laicas ou religiosas... como teria uma criança qualquer estrutura para enfrentar a inerente falta de sentido da vida ou sequer entender o que é a vida ou partes dela?  E a tragédia ocorre quando o suicídio se torna um ato de desespero para a fuga da vida e suas dores. 


É por esse motivo que a humanidade venerou em massa as crenças religiosas durante sua primitividade e ainda continua nessa veneração. Mas as crenças religiosas são apenas um aspecto da veneração humana. Todas as narrativas em geral são tidas como absolutas pelo ser humano. As crianças são ensinadas de que existe uma verdade universal, bem como um certo e errado universal. É necessário que o conto de fadas da verdade seja ministrado a todos na fase inicial. Entretanto, conforme crescemos, naturalmente somos levados a espaços relativizantes e fronteiriços entre a verdade e a mentira. O choque de culturas promove esse questionamemto mais profundo: se existem vários modos de crer, comer, amar e vestir... existe um certo e um errado que não seja relativo a algo ou alguém? Todo certo é relativo a algo; toda beleza é bela em relação a outra. Nada é algo em si mesmo, mas integrante de um todo o feio e o bonito dependem de si para existir; não haveria um sem o outro.


Se o indivíduo for extremamente dogmático, ele dirá: há somente uma verdade e um certo. O resto é um erro, uma deturpação do verdadeiro. E o verdadeiro é o meu jeito!  


Essa atitude marca a infantilização epistemológica de pessoas que não sabem lidar com o âmago do niilismo: se não existe uma  verdade imutável e universal, para que serve a vida? Então preferem venerar a verdade e distribuir a mentira às demais ideias e culturas.  A falta de sentido provocada por algum grau de relativismo é evitada a qualquer custo pelos seres humanos mais frágeis. Outros se refugiam no niilismo através da passividade e da falta de ânimo atráves do raciocínio: se a vida não tem sentido pela ausência de verdades universais... para que viver? Se nada faz sentido... que a vida passe como um sopro e seja apenas uma lembrança esquecida. 


Entretanto, uma resposta ao niilismo mais sadia pode ser contemplada: a vida não tem um sentido inerente... mas criemos esse sentido e nos alegremos pela liberdade que a falta de sentido nos traz. 


O relativismo ao ser bem administrado pode ser uma forma de libertação das narrativas mais enclausurantes das ideologias. As diferentes perspectivas de algo são navalhas que cortam as camisas de força dos ideais e entregam o homem à sua própria sorte: para o bem e para o mal. 


-Gabriel Meiller