quinta-feira, 28 de março de 2019

Rafael Gonçalves, o Kamaitachi



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O jovem compositor brasileiro Rafael Gonçalves, nascido no Rio de Janeiro, com o nome artístico de Kamaitachi, fez sucesso recentemente, no ano de 2018, após gravações de suas criativas músicas por meio de um simples aparelho eletrônico. O nome Kamaitchi é um mistura de duas palavras e que compõem o nome de um demônio (Yokai) japonês. “Kama” significa lâmina e “itachi” significa doninha, fazendo referência ao ato de um demônio que corta por meio de um golpe de ar frio que causa ferimentos leves, mas que infecciona. Segundo a explicação de Rafael Gonçalves, o Kamaitachi, esse nome é uma simbologia para o seu estilo musical que é analogizado como uma melodia suave (como uma doninha), mas cortante em suas letras. Isto quer dizer que suas letras tratam sobre temas considerados difíceis de se digerir pela maioria da sociedade, como por exemplo: o feminicídio, expresso na música “Noiva Cadáver” em que Rafael retrata em sua música  a mentalidade sórdida do assassino que é obcecado por sua suposta noiva a ponto de dançar com ela após assassiná-la e expressa esta metáfora de assassinato através da parte da música: “Todo mundo procurando minha menina, minha casa rodeada de polícia… A minha menina é um anjo, só fiz questão de devolver pro céu, pra tentar livrar desse mundo sujo imundo, pra tentar livrar desse mundo tão cruel.”

  A mente do assassino é obcecada pela vítima, através de uma fixação e um suposto zelo que justifica as suas ações destrutivas em prol da vítima. Pois o assassinato de sua amada é tratado com eufemismo e ironia pelo assassino nas frases: “A minha menina é um anjo”, onde demonstra seu amor obsessivo por ela; e em: “ só fiz questão de devolver pro céu”, demonstrando seu ímpeto assassino destrutivo, causado talvez pelo fato de alguma briga ou da possibilidade da vítima ter dito que ia deixá-lo. Claramente a música faz uma crítica CONTRA o feminicídio, demonstrado na melodia suave que contrasta e pega o leitor de surpresa na letra ácida e cortante. A música recebeu algumas críticas e acusações de incentivo ao feminicídio por algumas pessoas,deixando o compositor consternado. Entretanto, estas pessoas provavelmente não refletiram que era justamente o contrário, sendo uma crítica social contra a violência doméstica e feminicídio.

 Em outras músicas, Rafael também usa letras cortantes com uma melodia suave, como a música “Chamas da Vida” em que algumas frases sugerem sentimentos de suicídio e sugestões ao personagem da música: “Teu rosto tem cinzas de uma vasta terra devastada, por necessidade de destruição… Por que você não apaga as chamas da vida e dê motivo para os mortos acharem a saída?” A música fala de um eu lírico que sofreu ou sofre intempéries da vida, expressos através de expressões como “dor fantasma” e “que esfria tua  alma e congela o teu coração” e que cometeu atos errôneos, expressos pela metáfora “tua espada está sempre vermelha, com sangue de ovelha, mas isso não te causa aflição”, mostrando que o personagem na música não apresenta remorsos ou arrependimentos das coisas que fez, sendo semelhante ao personagem da música “Noiva Cadáver” e que vive a vida com uma necessidade de destruição, como mostrado acima. A sugestão feita a ele então, seria a morte, ou melhor, o suicídio, expresso através da metáfora de apagar as chamas da vida e encontrar a solução, juntando-se aos mortos. Aqueles que já partiram deste mundo e que conhecem a suposta saída desta realidade.

  Mas por que Rafael possui este estilo de música (que eu admiro muito, por sinal!) ? Não posso afirmar nada, pois não o conheço pessoalmente e não existem verdadeiras bibliografias sobre sua vida (que eu saiba), somente algumas informações básicas. Mas posso dar minha opinião baseada em que vi em suas letras e com as informações que juntei sobre ele. Rafael demonstra ter um histórico de depressão e claramente vontades de suicídio (que ser humano nunca pensou em se suicidar?) e que são expressas em suas músicas. Ele sofria bullying na escola por gostar de Rock (serio mesmo??? O povo devia ser o que? Funkeiro?) e talvez este seja um dos motivos de Rafael possuir esse ar lúgubre. Ele possui muito talento e conhecimento de diversas áreas, expressando suas ideias, hábitos e sentimentos por trás das músicas e de forma sensacional. Embora Rafael componha músicas com temas lúgubres, ele não pode ser resumido somente a isso, pois também possui outras temáticas e porque ele é muito mais do que isso. Sua bagagem de conhecimentos gerais é muito grande e refinada, indo desde o Velho Oeste estadunidense (quem mora nos EUA é estadunidense, não são os únicos americanos e não darei a eles esse orgulho), expressos pela música “Seis balas” até a mitologia/religião hindú, através da música “Botas Verdes de Néon” que menciona a deusa Kali, sendo a representação da natureza e considerada a essência de tudo. Realmente suas músicas não expressam metade de seus conhecimentos e nem sua essência artística refinada e criatividade aguçada. Desta forma, eu encerro, reconhecendo que não falei tudo sobre Kamaitachi e que talvez posso ter errado em alguma coisa; mas considero que no geral fiz uma boa interpretação de algumas poucas músicas de Rafael e sobre sua obra.
 #Prosador

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