O jovem compositor brasileiro Rafael Gonçalves, nascido no Rio de
Janeiro, com o nome artístico de Kamaitachi, fez sucesso recentemente, no
ano de 2018, após gravações de suas criativas músicas por meio de um simples
aparelho eletrônico. O nome Kamaitchi é um mistura de duas palavras e que
compõem o nome de um demônio (Yokai) japonês. “Kama” significa lâmina e “itachi”
significa doninha, fazendo referência ao ato de um demônio que corta por meio
de um golpe de ar frio que causa ferimentos leves, mas que infecciona. Segundo
a explicação de Rafael Gonçalves, o Kamaitachi, esse nome é uma simbologia para
o seu estilo musical que é analogizado como uma melodia suave (como uma
doninha), mas cortante em suas letras. Isto quer dizer que suas letras tratam
sobre temas considerados difíceis de se digerir pela maioria da sociedade, como
por exemplo: o feminicídio, expresso na música “Noiva Cadáver” em que Rafael
retrata em sua música a mentalidade
sórdida do assassino que é obcecado por sua suposta noiva a ponto de dançar com
ela após assassiná-la e expressa esta metáfora de assassinato através da parte
da música: “Todo mundo procurando minha menina, minha casa rodeada de polícia…
A minha menina é um anjo, só fiz questão de devolver pro céu, pra tentar livrar
desse mundo sujo imundo, pra tentar livrar desse mundo tão cruel.”
A mente do assassino é obcecada
pela vítima, através de uma fixação e um suposto zelo que justifica as suas
ações destrutivas em prol da vítima. Pois o assassinato de sua amada é tratado
com eufemismo e ironia pelo assassino nas frases: “A minha menina é um anjo”,
onde demonstra seu amor obsessivo por ela; e em: “ só fiz questão de devolver
pro céu”, demonstrando seu ímpeto assassino destrutivo, causado talvez pelo
fato de alguma briga ou da possibilidade da vítima ter dito que ia
deixá-lo. Claramente a música faz uma
crítica CONTRA o feminicídio, demonstrado na melodia suave que contrasta e pega
o leitor de surpresa na letra ácida e cortante. A música recebeu algumas
críticas e acusações de incentivo ao feminicídio por algumas pessoas,deixando o
compositor consternado. Entretanto, estas pessoas provavelmente não refletiram
que era justamente o contrário, sendo uma crítica social contra a violência
doméstica e feminicídio.
Em outras músicas, Rafael também
usa letras cortantes com uma melodia suave, como a música “Chamas da Vida” em
que algumas frases sugerem sentimentos de suicídio e sugestões ao personagem da
música: “Teu rosto tem cinzas de uma vasta terra devastada, por necessidade de
destruição… Por que você não apaga as chamas da vida e dê motivo para os mortos
acharem a saída?” A música fala de um eu lírico que sofreu ou sofre intempéries
da vida, expressos através de expressões como “dor fantasma” e “que esfria tua alma e congela o teu coração” e que cometeu
atos errôneos, expressos pela metáfora “tua espada está sempre vermelha, com
sangue de ovelha, mas isso não te causa aflição”, mostrando que o personagem na
música não apresenta remorsos ou arrependimentos das coisas que fez, sendo
semelhante ao personagem da música “Noiva Cadáver” e que vive a vida com uma
necessidade de destruição, como mostrado acima. A sugestão feita a ele então,
seria a morte, ou melhor, o suicídio, expresso através da metáfora de apagar as
chamas da vida e encontrar a solução, juntando-se aos mortos. Aqueles que já
partiram deste mundo e que conhecem a suposta saída desta realidade.
Mas por que Rafael possui este
estilo de música (que eu admiro muito, por sinal!) ? Não posso afirmar nada,
pois não o conheço pessoalmente e não existem verdadeiras bibliografias sobre
sua vida (que eu saiba), somente algumas informações básicas. Mas posso dar minha opinião
baseada em que vi em suas letras e com as informações que juntei sobre ele.
Rafael demonstra ter um histórico de depressão e claramente vontades de
suicídio (que ser humano nunca pensou em se suicidar?) e que são expressas em
suas músicas. Ele sofria bullying na escola por gostar de Rock (serio mesmo???
O povo devia ser o que? Funkeiro?) e talvez este seja um dos motivos de Rafael
possuir esse ar lúgubre. Ele possui muito talento e conhecimento de diversas
áreas, expressando suas ideias, hábitos e sentimentos por trás das músicas e de
forma sensacional. Embora Rafael componha músicas com temas lúgubres, ele não
pode ser resumido somente a isso, pois também possui outras temáticas e porque ele
é muito mais do que isso. Sua bagagem de conhecimentos gerais é muito grande e
refinada, indo desde o Velho Oeste estadunidense (quem mora nos EUA é
estadunidense, não são os únicos americanos e não darei a eles esse orgulho),
expressos pela música “Seis balas” até a mitologia/religião hindú, através da
música “Botas Verdes de Néon” que menciona a deusa Kali, sendo a representação
da natureza e considerada a essência de tudo. Realmente suas músicas não
expressam metade de seus conhecimentos e nem sua essência artística refinada e
criatividade aguçada. Desta forma, eu encerro, reconhecendo que não falei tudo
sobre Kamaitachi e que talvez posso ter errado em alguma coisa; mas considero
que no geral fiz uma boa interpretação de algumas poucas músicas de Rafael e
sobre sua obra.
Ótimo blog só a cor que deixa um pouco desconfortável
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