domingo, 4 de fevereiro de 2024

Deus um delírio: uma sátira ao Deus cristão



(A sátira a seguir deve ser levada como uma crítica antropológica ao deus cristão e às construções que  os religiosos fizeram deste ao longo do tempo. Não é uma crítica a deus ou à fé em si. A sátira contém ironia e linguagem chocante de forma proposital, peço a compreensão alheia.) 


Quem é o Deus cristão? É um homem branco machista e heteronormativo  que se importa em como as pessoas usam suas genitálias. A regra é clara... quem der o c# vai para o inferno; "Como pode isso?" se perturba Deus de seu trono sublime, ao ver uma suruba de homens. Quem uma vez já se incomodou com Sodoma e Gomorra, como não se perturbaria novamente com as orgias modernas? 


Deus é o fiscal de rabos, abortos e relações antes do casamento, bem como divórcios. Deus só não é antissemita porque a Bíblia é uma invenção dos judeus e seus ancestrais.  As pessoas olham para os céus envergonhadas e escutam um "Eu vi, hein..." de Deus. Sua onisciência, onipresença e onipotência está a serviço de seu pavio curto homofóbico e seu nojo com cigarros e bebidas. Mas até Deus tem seus preferidos, hehehe. Os pastores viciados em pornografia, os padres que praticam coisas sujas... bem sujas com os seus coroinhas. Os políticos da bancada evangélica e pastores que levantam dinheiro para o Reino dos Céus e ganham 100% do valor como comissão também são elogiados. Edir Macedo está entre os seus melhores estagiários: um homem santo e rentável (a favor do aborto, a propósito). 


Óh, que Deus generoso, não? Pensávamos que ele era agiota, mas o julgamos muito mal! O perdão e a misericórdia dEle são exclusivos para homens conservadores cristãos que "agasalham um kibe no sigilo". Entenderam essa? Aqueles que cedem suas portas dos fundos, como por exemplo: André Valadão, acusado por travestis que já pegaram o ex-integrante de Diante do Trono por trás. Vejam os vídeos antigos de como ele era um espírito alegre e gesticulava de forma inconfundível... como um belo afeminado. 


Deus também tem eleitos: pessoas que foram escolhidas antes da criação do mundo para irem ao céu. Deus escolheu seus eleitos e predestinou os não-eleitos ao inferno; essa é a doutrina da dupla predestinação calvinista: um surto coletivo. Nela Deus não é nem um pouco democrata; ele é parcial e soberano. Ninguém pode colocá-lo contra a parede, muito menos julgá-lo segundo valores do século XXI. Ele já escolheu seus valores: são da Idade do Bronze. Ele ama a submissão feminina,  se incomoda quando um cristão pensa em tomar uma lata de cerveja... e sentencia ao inferno quem fuma m#c@nha. 


Quem é Deus? Tudo e nada. Ele é o que as pessoas quiserem que Ele seja, afinal. Deus é a inclinação humana para aplicar a moralidade de forma subjetiva e cagar regrinhas. Deus é o desvirtuamento da moral religiosa de cada nação. É por isso que eu fico com o Diabo: ele é coerente e sempre faz o mal. Alguém já disse que o Diabo queria salvar alguma vida? Não. O Diabo sempre quis matar, roubar e destruir; o Diabo é confiável mesmo em sua maldade. Ele incentiva as pessoas a beber, fumar e se divertirem como se não houvesse amanhã. E quem as manda ao inferno? Deus. O Diabo somente as acolhe. Não foi  Deus quem escolheu, antes da criação do mundo, quem seria salvo?  Sim!  O Diabo, coitado, é usado por Deus de forma infame, sendo apenas mais uma vítima das peripécias do "Criador do Universo". Ele fez um teste sádico com Adão e Eva para ver se eles o obedeceriam, mesmo sabendo antecipadamente que não. 


O que há de errado com o Criador? Vamos convidá-lo a sentar no divã e analisá-lo. Poderíamos especular que Ele tem complexo de inferioridade. Talvez seja um baita narcisista, visto que  criou o homem à sua imagem e semelhança (não foi o contrário? Se perguntou Nietzsche...) e depois o testou como um cãozinho que deveria ser adestrado. Que tal adjetivarmos a Deus? Ele é caprichoso, orgulhoso e sádico; esse Ser onisciente anteviu todo o sofrimento de todos os seres antes de criar o Universo ( inclusive de Jesus) e mesmo assim Ele criou o mundo. 


 Desta forma, podemos concluir que Deus é uma grosseria ignorante e uma obscuridade enigmática. Esse  esquizofrênico que se diz amor, disfarçando seu ódio pela justiça, tem um ego e uma masculinidade frágil quando se irrita com todos os que usam seu ânus ao terem "relações antinaturais" com outros homens. (Menos os seus prediletos, é óbvio.) 


A todos desejo que o Diabo vos carreguem... e que Deus acompanhe os meus piores inimigos, amém. 


-Gabriel Meiller

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Os benefícios da suspeita

 


Eu não sei se todos sabem que não sabem de tanto quanto acham que sabem. Quem coloca a mão no fogo e dá a sua vida por uma certeza? Esse alguém disposto a tal sandice é corajoso em sua loucura. Não me levem a mal aqueles mais convictos, mas cada vez mais que eu reflito sobre a realidade, mais acho-a complexa e obscura. Pensem bem: uma pedra é uma pedra e esses fatos mais concretos a grande maioria não tem nenhuma dúvida sobre tal objetividade. 


Mas e quando a realidade vai além de fatos objetivos? Quando se trata de interpretação de conjuntos de fatos ou fenômenos impossíveis de uma concordância objetiva? O que há depois da morte, o que é o universo e se existem outras dimensões além desta, se Capitu traiu ou não Bentinho ou o que é a matéria escura, bem como o que podemos fazer para unificar as teorias da mecânica quântica com a relatividade geral... todas essas e as demais questões carregam em nós um sentimento de impotência que talvez nos conduza à

 humildade. 


Certo homem, uma vez,  saiu colando cartazes em um poste numa metrópole conhecida. Qualquer transeunte que se aproximasse seriamente para ler o anúncio, saia dando gargalhadas. Descobriu-se que no cartaz constava o seguinte: 


"Procura-se juiz capacitado a julgar com precisão e objetividade um assunto que aflige minha filha: a existência ou não de Deus e o intuito da vida... ofereço recompensa generosa." 


Tal tolice e ingenuidade acontece conosco quando agimos movidos por convicções de que sabemos o que é a realidade. A suspeita, no entanto, é como um pêndulo que muda constantemente de direção de forma ritmada. Comecei a pensar hoje: e se, apesar da nossa lógica histórica, crítica e científica coexistir um mundo além da matéria que as religiões interpretaram de forma arcaica e errônea? Então o que fazemos gira em torno de combater a desinterpretação dessa suposta outra dimensão, achando nós que ela é em realidade aquilo que os antigos se enganaram com ideias toscas sobre julgamento final, vida após a morte e deuses. 


Então eu devaneei: e se existir uma vida ou continuação além desta, como muitos afirmam?  Eu iria querer seguir essas diretrizes metafísicas ou escolheria viver segundo esse mundo e somente ele, ignorando as "leis espirituais"? 


Existe um denominador comum sobre essa suposta realidade espiritual entre as religiões ou algum consenso sobre um pós-vida? Se nem as questões terrenas possuem um acordo epistemológico, imagina essas supostas questões metafísicas. Afinal, ou são conceitos muito distantes e elevados para serem compreendidos ou são invenções da mente humana. Ou projeções astrais existem, bem como memórias de vidas passadas... ou são mentiras inconscientes e surtos daqueles que afirmam terem tido elas.


No final das contas eu cheguei à conclusão: toda religião prega sobre fazer o bem (que pode ter parâmetros mínimos e universais em muitos casos). Se eu fizer o bem, não procurar prejudicar os outros... isso será semelhante a tratar bem um traficante ou um policial disfarçado. Mesmo que ele tenha poder e força para me assassinar ou me dar uma lição pavorosa... se eu tratá-lo bem sem nem sequer conhecê-lo, irei "ser salvo" sem  saber de fato quem ele é, afinal, no dia a dia nunca sabemos com quem estamos lidando. 


Nessa suposta questão metafísica... eu penso que seria o mesmo princípio, independente do que de fato houver: se não houver nada após a morte, usei a única vida para favorecer os seres que comigo conviveram; se houver outro plano, serei "julgado" pelas leis desse plano segundo minha conduta. 


Mas o que de fato penso? Não sei... eu oscilo como um pêndulo e há dias em que me aproximo mais de um ateísmo e há dias em que eu duvido de que não haja nada além dessa dimensão ou do corpo biológico acompanhado de uma mente como extensão dele. Que importa, afinal? Nada... que importa é viver e me divertir com a impossibilidade de cravar o martelo sobre assuntos inverificáveis. 

 


-Gabriel Meiller