Das muitas concepções a respeito de Deus... a concepção calvinista é uma das mais conflitantes e ao mesmo tempo sutis sobre o caráter de Deus. Um Deus caprichoso e egocêntrico que se preocupa somente com a sua glória é compartilhado por essa vertente doutrinária da Reforma Protestante. Como se Deus tivesse complexo de inferioridade e precisasse ser adorado constantemente para se reafirmar. Segundo os calvinistas, Deus predestinou e determinou pessoas para o céu antes da fundação do mundo. E há os mais radicais que acreditam na doutrina da predestinação dupla, em que Deus determinou os que iriam para o inferno. Mas que diferença faz? Nenhuma! Pois se Deus é o autor da salvação e escolhe salvar somente alguns e deixar outros irem para o inferno... dá no mesmo. Passiva ou ativamente, esse deus mandou pessoas pro inferno só por ser "soberano" ?!?! Mas será que soberania significa marionetar tudo e mandar pessoas para o céu ou para o inferno ? Esse deus parece mais um moleque birrento que não aceita ser contrariado e que usa seres humanos como simples peças de lego. A verdadeira soberania de Deus está em consonância com seu amor e justiça e nunca com um capricho de escolhas frias e sem motivo, ou uma parcialidade salvífica. Quando Caim estava enfurecido e queria matar Abel... Deus disse que o pecado jazia à porta e que cabia a Caim dominá-lo. Caim, porém, decidiu matar seu irmão e desobedecer a Deus; foi isto uma afronta à soberania de Deus? De forma alguma, pois a soberania de Deus não tem a ver com Ele ser ou não contrariado. Acredite: Ele não comete estupros salvíficos ou nada do tipo como pensam os calvinistas, achando que Deus trata pessoas como robozinhos que são iluminados e o aceitam sem ter a chance de dizer sim ou não. Outra falha no pensamento calvinista está no fato de produzir um Deus esquizofrênico. A Bíblia e toda sua arquitetura global fala sobre a vontade de Deus ser de salvar a todos (2Pe 3:9), mas a teologia deles diz que essa vontade não conta como salvífica. Então Deus quer salvar mas não salva? Ele é esquizofrênico ou um Deus fraco? Pois se a vontade de Deus é que todos sejam salvos e nem todos são salvos... ou a salvação depende só da parte de Deus e Ele quer salvar mas não salva, sendo esquizofrênico; ou a salvação depende da aceitação de quem entende o Evangelho, através do Espírito Santo de Deus. Sem contar a racionalização de João 3:16, dizendo que a palavra "mundo" (Deus amou o mundo) significa somente os eleitos e não todas as pessoas. Então Deus é amor mas ama alguns mais do que outros? Que patético! Acima de tudo o calvinismo é uma teologia produzida em um tempo onde as pessoas queriam produzir um ídolo de pensamento filosófico. No século XVI, os métodos de se compreender o mundo eram muito ultrapassados e vindos dos métodos gregos e aristotélicos de investigação, por meio da Escolástica, que surgiu no século IX. Essa escola tentava juntar o racionalismo grego com a fé cristã. E os gregos tinham essa visão fatalista, em que não importava a decisão do indivíduo... ele sempre cairia no que foi profetizado pelos deuses, como a história de Édipo, na mitologia grega. Desta forma, Calvino usou esses métodos escolásticos de investigação, formando uma doutrina fatalista. Através deste falso conceito de soberania. Porém, suas contribuições, de forma geral, foram boas e sua doutrina não era tão fatalista como seus seguidores esquematizaram através do acróstico da TULIP. O calvinismo é somente um polo; onde Deus faz tudo e o homem é somente um robô. Mas há o outro polo, onde o homem vira um semideus... no arminianismo. Mas quem prefere compreender a Deus sem essas lentes de escolas dicótomas... sabe que Ele é simples e que ama o pecador. Sabe também que o seu amor, sua soberania e sua justiça são conforme o seu caráter perfeito. A teologia se propõem a explicar Deus, mas Deus é para ser vivido e experimentado; nunca enquadrado como um ídolo de pensamento e dissecado em questões racionais.
#Prosador
Imagem em:
<http://emersonvale.blogspot.com.br/2014/04/?m=1>
Acesso: Fev, 2018.
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