Confusão. Esta é a palavra definidora de um dos momentos em que estou vivendo; a vida é um constante rasgar-se e remendar-se, como diria Guimarães Rosa. Esta sabedoria é conquistada à base de sofrimento, desilusão e amadurecimento.
A confusão gera em mim inquietação, ansiedade e todo tipo de oscilação de humor provocada pelo medo. Não é um bom momento em minha vida pessoal e na verdade meus últimos meses têm sido por demais conturbados.
Sabe o sentimento de que você está sem o controle? Sendo conduzido em um veículo com os olhos vendados por sequestradores e sem saber até onde este rapto irá terminar e em que irá terminar?
Este é o meu sentimento. O sentimento momentâneo em que se é ultrapassado pela vida. Em que eu já não sei o que quero e o que serei; sei o que fui, mas não sei o que estou me tornando. Esse sentimento de desbussolamento em alguma área da vida de um indivíduo é desestabilizador.
Naturalmente a quebra das expectativas e idealizações nunca são agradáveis, mas sempre conduzidas por momentos dolorosos. Esta quebra de expectativas e idealizações (muitas vezes extremamente rígidas) sobre como o mundo, as pessoas ou você mesmo deveria ser... é uma dor intraduzível. O famoso rasgar-se e remendar-se! Pois bem, este momento é meu!
E palavras escritas de um dos maiores conhecedores da alma humana, Friedrich Nietzsche, me fizeram refletir sobre o que estou vivendo:
"A inclinação à cólera e o instinto de veneração, que são próprios da juventude, não parecem repousar até que tenha desfigurado homens e coisas, para poder assim se desafogar. A juventude em si já é alguma coisa que engana e falsifica. Mais tarde, quando a alma jovem, torturada por mil desilusões, se encontra finalmente cheia de suspeitas..."
Em suma a ingenuidade e a idealização da juventude sobre a vida em si é um baita liquidificador que bate, tritura e amassa a alma do jovem idealizador. Como bem ressalvou Cartola: "Ouça-me bem amor, presta atenção, o mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos tão mesquinhos... vai reduzir as ilusões a pó." Este é o fio condutor! Entender que o preço da maturidade é acompanhado do doloroso processo de se deixar ser rasgado pelos fatos da vida!
Quando aprendemos a nos relacionar com o mundo de acordo com a realidade, a aceitar as coisas como são, sem uma aspiração de que a vida seja uma Disneylândia, ganhamos paz, vitalidade e contentamento! Este é o desejo que tenho para mim mesmo; não sei aonde a existência e o mundo (como um moinho) estão me levando; estes aparentes sequestradores! Mas torço sofregamente para que eu olhe para trás e não me arrependa de ter vivido e ter sido esculpido como uma bela obra de arte pela vida. Pois no final é o que somos: construções mediadas pelas contingências do universo.
-Gabriel Meiller
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