sexta-feira, 19 de abril de 2024

Acolhendo o lado negro: para ser grande, sê inteiro!



Sim,  às vezes eu sou escroto e pau no cu mesmo!  Exatamente: às vezes eu invejo os outros pelos seus pontos fortes e privilegiados. Sim, eu também já trai alguém e fui machista, homofóbico, racista e insensível! No final das contas somos todos impoliticamente incorretos e escrotos e está tudo bem, sim! 


 A culpa cristã somada  à militância política de esquerda (ou direita)fez do nosso moralismo uma caverna que nos distancia do mundo em uma grande hipocrisia! 


Condenamos a nós mesmos e ao outro de forma voraz. Até que ponto isso faz bem? Até que ponto a culpa cultural cristã e seu controle rígido é algo bom? Ser gentil consigo mesmo não significa ser um fascista ou sociopata despreocupado com o mundo, mas é o começo do amor próprio. O amor próprio deve ser por inteiro, sem condicionantes e livre da busca incessante para nos tornarmos um cristal lapidado!  Aceitarmos a nós mesmos com nossas falhas é o princípio de uma vida menos doentia e menos corroída pela culpa e pela cobrança excessiva. 


Vejam bem, meus caros, o mundo é assolado por uma epidemia grave: a epidemia do autoaperfeiçoamento sem limites, isto é, a síndrome do cristal lapidado! 


E sim... eu continuarei sendo pau no cu, egoísta, invejoso e mais outros adjetivos negativos, bem como os positivos.  E continuarei me aceitando e convivendo com meu lado negro. E, sim: irei usar a expressão "negro" independente dos protestos da galera do letramento racial, eles que lutem!  Já dizia o poeta: "Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui." E sabem o que eu descobri?  Que eu sou exagerado e dramático por natureza, essa é a minha personalidade na qual muitos reconhecem e que tem características que resvalam no "lado negro" e "lado luminoso".  Sem o meu drama, a minha vida seria uma exclusão, uma cisão e eliminação da minha forma de me expressar !   


Não é possível amputar de nós o nosso lado negro sem também eliminar o lado solar, nobre e alegre! Até quando iremos amputar nossa personalidade e esconder nossos defeitos por causa do julgamento alheio?  Se pudermos mudar, que mudemos; mas se não pudermos... que possamos ter a nossa própria compreensão incondicional em primeiro lugar e depois a compreensão alheia que sempre será condicional! 


-Gabriel Meiller

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Aceitando a dualidade

 

A ânsia em maximizar a alegria e evitar a tristeza é a verdadeira desgraça do ocidente. "Não crie expectativas, não se apegue tanto, não fique triste..." são frases comuns e que possuem o objetivo de separar a alegria da tristeza. Isso é absurdo! 


A beleza de aceitar as emoções e todos os polos da dualidade é ser inteiro. "Para ser grande, sê inteiro" disse o poeta Fernando Pessoa.  E ser inteiro significa aceitar cada parte de nós: as partes sombrias e as solares; os sentimentos bons e ruins, o bem e o mal que anda à nossa espreita. 


Covardia maior seria fugir do que nos incomoda e aceitar somente as alegrias. As alegrias não são alegrias sem o parâmetro das tristezas para nos ajudar a avaliar o que é bom. O bom, além de subjetivo, é inexistente sem o ruim. Só existe conhecimento se houver a comparação entre as partes que formam o todo.


É razoável abraçar a tristeza, assim como a alegria porque a dor é tão próxima do prazer... como cantou Freddie Mercury. 


-Gabriel Meiller 




quarta-feira, 3 de abril de 2024

Mortes, rupturas e renascimentos

    



Depois da grande tragédia raiou a esperança como o sol inesperado que surge por de trás da nuvem negra. O caminho da cura muitas vezes é a doença, bem como o consumo que a chaga traz ao seu refém.  Os limites que são cruzados se revelam como novas linhas de partida; limites devem ser cruzados, mas o cruzamento deles pode nos levar à quase loucura. Entretanto, quando conseguimos sair do turbilhão da nuvem negra em que estávamos envolvidos, nós renascemos no sol como fênix. 


Um homem/mulher não é definido pelo que é... mas pela capacidade de ser diversas novas versões de si mesmo(a). Sim, a possibilidade de ser é muito valiosa; o tolo se apega sempre ao que foi e se prende no passado. Mas aquele que está disposto a encarar o abismo e receber dele uma encarada maior (e o abismo é sua vida interna), se torna a verdadeira fênix.  


Eu já morri diversas vezes nessa vida. A grande primeira ruptura e morte foi quando eu decidi abandonar toda uma criação religiosa que me aprisionava e me alienava do mundo. Quem vê minha admiração por Nietzsche sabe do que estou falando. Essa morte para a crença em ideais religiosos e metafísicos foi a que mais me deu vida e vida em abundância. Mas sabem de uma coisa? Volte e meia substituímos nossos antigos ídolos por novos... e sempre será assim. Então me aprisionei novamente na ilusão de que uma pessoa poderia me fazer completo e toda aquela ladainha do amor romântico. Mais uma vez me tornei prisioneiro das minhas emoções que, no ímpeto da juventude, não repousaram até que eu me desfigurasse pela exaustão de fazer uma relação falida dar certo. 


Percebi, após o ocorrido de 4 anos, que o problema estava não somente em mim e na pessoa. Estava também na estrutura com a qual aprendemos a amar românticamente alguém.  Em relações desse tipo o exclusivismo emocional cerca o casal e o sufoca!


Amorosamente falando, esse (des)afeto só pode ser direcionado ao cônjuge e a mais ninguém. O sexo também só pode ocorrer com o escolhido(a) e mais ninguém. O que isso significa senão comer batata frita todos os dias até vomitar? Aí estava o problema para mim! Eu não sou daqueles que se contenta em comer batatas fritas todos os dias; eu gosto de comer um bife a parmegiana em um dia; uma lasanha em outro; um purê com carne moída em outro dia e por aí vai. Então, assim como a religião me trouxe dor de cabeça e eu decidi romper com isso... o amor romântico (uma quase religião) me deu outra dor de cabeça terrível e também decidi romper com ele. 


Agora, após outra morte e renascimento... eu quero ser um espírito livre. Daqueles que vai aonde o vento lhe impelir, navegando os setes mares e vivendo a vida como bem entender e desejar. São rupturas minhas e de mais ninguém ou apenas aos que enxergam a vida de forma semelhante.


-Gabriel Meiller 

terça-feira, 2 de abril de 2024

O brincar alegre

  A vida é o brincar alegre dos espíritos humanos: a cada momento em ser algo diferente. Eles se servem de ideologias, dogmas ou qualquer outro acervo teórico para que leiam o manual da brincadeira. Alguns se perdem no manual e deixam de brincar, já outros esquecem até das regras fundamentais do jogo. Que importa? Vale a diversão, valem as explorações pelo mundão em céu aberto. Vale, desta forma, o ir sendo a cada momento uma diferente versão de si mesmo a cada dia, a cada ano, a cada época! 


"Para ser grande, sê inteiro", disse o poeta. E acrescentou: "Nada teu exagera ou exclui".


-Gabriel Meiller