quarta-feira, 3 de abril de 2024

Mortes, rupturas e renascimentos

    



Depois da grande tragédia raiou a esperança como o sol inesperado que surge por de trás da nuvem negra. O caminho da cura muitas vezes é a doença, bem como o consumo que a chaga traz ao seu refém.  Os limites que são cruzados se revelam como novas linhas de partida; limites devem ser cruzados, mas o cruzamento deles pode nos levar à quase loucura. Entretanto, quando conseguimos sair do turbilhão da nuvem negra em que estávamos envolvidos, nós renascemos no sol como fênix. 


Um homem/mulher não é definido pelo que é... mas pela capacidade de ser diversas novas versões de si mesmo(a). Sim, a possibilidade de ser é muito valiosa; o tolo se apega sempre ao que foi e se prende no passado. Mas aquele que está disposto a encarar o abismo e receber dele uma encarada maior (e o abismo é sua vida interna), se torna a verdadeira fênix.  


Eu já morri diversas vezes nessa vida. A grande primeira ruptura e morte foi quando eu decidi abandonar toda uma criação religiosa que me aprisionava e me alienava do mundo. Quem vê minha admiração por Nietzsche sabe do que estou falando. Essa morte para a crença em ideais religiosos e metafísicos foi a que mais me deu vida e vida em abundância. Mas sabem de uma coisa? Volte e meia substituímos nossos antigos ídolos por novos... e sempre será assim. Então me aprisionei novamente na ilusão de que uma pessoa poderia me fazer completo e toda aquela ladainha do amor romântico. Mais uma vez me tornei prisioneiro das minhas emoções que, no ímpeto da juventude, não repousaram até que eu me desfigurasse pela exaustão de fazer uma relação falida dar certo. 


Percebi, após o ocorrido de 4 anos, que o problema estava não somente em mim e na pessoa. Estava também na estrutura com a qual aprendemos a amar românticamente alguém.  Em relações desse tipo o exclusivismo emocional cerca o casal e o sufoca!


Amorosamente falando, esse (des)afeto só pode ser direcionado ao cônjuge e a mais ninguém. O sexo também só pode ocorrer com o escolhido(a) e mais ninguém. O que isso significa senão comer batata frita todos os dias até vomitar? Aí estava o problema para mim! Eu não sou daqueles que se contenta em comer batatas fritas todos os dias; eu gosto de comer um bife a parmegiana em um dia; uma lasanha em outro; um purê com carne moída em outro dia e por aí vai. Então, assim como a religião me trouxe dor de cabeça e eu decidi romper com isso... o amor romântico (uma quase religião) me deu outra dor de cabeça terrível e também decidi romper com ele. 


Agora, após outra morte e renascimento... eu quero ser um espírito livre. Daqueles que vai aonde o vento lhe impelir, navegando os setes mares e vivendo a vida como bem entender e desejar. São rupturas minhas e de mais ninguém ou apenas aos que enxergam a vida de forma semelhante.


-Gabriel Meiller 

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