A teleologia é o hábito de dar finalidade às coisas. Poderíamos mencionar a frase "os fins justificam os meios" para isso. Existem diversos ramos na teleologia, isto é, no hábito de dar finalidade a algo. A finalidade do trabalho costuma ser pensada como: enobrecimento do caráter e a possibilidade de sustento aos que vivem no sistema capitalista; a finalidade da musculação é pensada como requisito para "colocar o shape" e melhorar a saúde física e mental. A finalidade da escola costuma ser pensada como a propiciação de condições básicas para criar um cidadão crítico e independente (risos). A finalidade da faculdade costuma ser pensada como a formação e habilitação do estudante para exercer uma profissão (risos, novamente).
E a finalidade da vida? Quem ou o que irá se atrever a colocar uma finalidade a essa metadinâmica?
Só podem ser as religiões e suas réguas morais e existenciais, é claro. Só podem ser os líderes religiosos atrevidos que são ingênuos o bastante para achar que sabem o que é a vida e o que devemos fazer dela (lágrimas).
"Vivemos para adorar e glorificar a Deus..." diria um protestante ou católico.
"Vivemos para amenizar o sofrimento dos seres sencientes..." diria um budista.
"Vivemos para fazer o bem e evoluir aqui nesta vida..." diria um espiritualista.
E então os mestres da finalidade ganham o status de coachings sobre o sentido da vida. Estes são os verdadeiros mestres da finalidade, os homens teleológicos. E o excesso de sentidos e finalidades que damos à vida podem trazer exaustão, cobranças, medos e angústias.
Mas... e se quisermos romper com algumas réguas morais normativas? E se nos portarmos como espíritos livres questionadores que desenvolvem sua própria finalidade? Se tentarmos, em alguma medida, cultivar um pouco do além-homem de Nietzsche? Seremos um cão que anda sozinho com a própria coleira na boca, atravessando as ruas da cidade. Nos primeiros momentos, viver sem a finalidade padrão pode nos trazer novos medos e inseguranças, isto é verdade. Mas depois dessa mudança a leveza e o sentimento de pertencimento a si mesmo não têm preço. É necessário, no entanto, vencer o medo do desconhecido e mergulhar (mesmo que de forma tímida) na moral que vai para além do bem e do mal. É necessário definir o seu próprio conceito de bem e mal.
E um dos benefícios ao não colocar metas e finalidades em tudo o tempo todo (ou melhor: colocar a sua própria meta e finalidade em tudo) se concretiza na sanidade mental. O relaxamento do córtex pré frontal ocorre quando não há uma finalidade constante nos assombrando e psicossomatizando nossas emoções em sintomas corporais como dores de cabeça, tensão muscular, queda da imunidade, dores de estômago, depressão, ansiedade, etc.
Se queremos ser mestres da finalidade... que criemos a nossa própria finalidade por meio dos nossos próprios valores para que assim sejamos como o cão da imagem abaixo.
-Gabriel Meiller
Nenhum comentário:
Postar um comentário