Muitas vezes Jesus falou acerca do Reino de Deus em sua época. Mas o que seria o Reino de Deus? Essa é uma pergunta primordial para se entender aonde nos enquadramos como cristãos... perdão, esqueça o "aonde", que não tem a ver com lugares geográficos (oh mania nossa de querer definir lugares e padrões, hein). Mas voltando ao assunto... entender o que é o Reino de Deus nos tranquiliza do ato que eu chamo de "bater continência". Mas o que seria isso? Bater continência é uma atitude tendenciosa em nós, que ocorre quando não assimilamos que viver no Reino não tem a ver com lugares ou fazer coisas por fazer. O Reino não tem a ver com a frequência de cultos na semana ou a participação de ministérios da nossa igreja (embora isto seja importante, mas não defina o que é Reino de Deus). Então, nada melhor que o Mestre Divino encarnado, para nos explicar o que seria o Reino de Deus:
"Certa vez, tendo sido interrogado pelos fariseus sobre quando viria o Reino de Deus, Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem de modo visível, nem se dirá: ‘Aqui está ele’, ou ‘Lá está’; porque o Reino de Deus está entre vocês” (Lucas, 17:20 e 21 -Nvi).
Ora, os peritos da religião e conhecedores da Torá, chamados fariseus, não entendiam o princípio do Reino de Deus. Verdade seja que nos dias deles a palavra "Reino de Deus" não eram um conceito consolidado se comparado a hoje; mas mesmo assim João Batista se esgoelava falando do "Reino de Deus". Hoje, porém, embora tenhamos dogmaticamente o conceito de "Reino de Deus", na nossa alma ainda somos lentos para assimilar e digeri-lo. Mas Jesus deixa explícito que o Reino de Deus não tem forma visível e nem se prende a estruturas ou cultos em quatro paredes.
E em minha trajetória de vida eu percebo que há pessoas que se prendem aos ministérios ou aos cultos de domingo como se fosse ali um "mini Reino" para um desencargo de consciência. Ou seja, o indivíduo de forma inconsciente exclama para si: "Já fiz minha parte ensinando as crianças" ou " já ministrei o louvor", "já cuidei dos jovens", ou "já coloquei minha roupa social e fui para o culto e de manhã para a escola dominical, então estou sendo produtivo no Reino do Senhor". Como se tivessemos quitar uma dívida com Deus ou fazer algo para Ele, como se Deus precisasse de favores ou da nossa barganha psicossomática diária. E assim, de forma sutil e suave... batemos continência. Ps: não estou dizendo que essas coisas não sejam importantes, mas se fazemos isso para desencargo de consciência, por obrigação e não entendemos que o Reino de Deus está no coração e acompanha tudo o que fazemos, de forma eclesiástica ou não, não entendemos o Evangelho. A grande questão é que o ser humano por si mesmo é acomodado e tem medo do novo e de andar sem uma rota. Então ele cria de forma artificial uma diretriz, ou um "mini-reino" que na verdade não é o Reino.
Andar por fé é andar no dia a dia movido pelo que a rotina nos mostra em relação ao que fazer ou não, sem padronizações, sem artificialidade de caminhada cristã. O Reino de Deus se manifesta quando simplesmente ouvimos alguém que precisava da nossa humanidade. Dos nossos ouvidos emprestados, nem tanto de conselhos; mas de atenção ou de um abraço. Ou alguém que precisava de uma ajuda mínima: uma carona, um abraço, um lanche, um sorriso... e pequenas coisas que demonstram o Reino através do fato de sermos humanos no trato com o próximo. Não existe então, uma espiritualidade que nos isola do próximo ou que quer membros sentados no banco de igreja, isto existe em todas religiões. Jesus é o exemplo perfeito, que sendo Deus era humano com todos, e sendo humano com todos era Deus.
O Reino então... é tudo e é nada! Nada para os rótulos, chavões ou lugares geográficos de culto; e tudo no sentido de que o que fazemos... fazemos movidos pela mentalidade de Cristo em nós; pois o culto é na vida e a vida é um culto pulsante de vinte e quatro horas por dia. Assim, largamos a continência de um dia específico ou momentos específicos e batemos continência com o pulsar incessante do nosso coração de carne.
#Prosador
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Imagem retirada em:
<http://semcensor.blogspot.com.br/2014/03/?m=1>
Acesso: Outubro, 2017.
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