quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Um Pouco de Nilismo...


       "O mundo real é simplesmente muito terrível de admitir. Ele diz ao homem que ele é um pequeno animal trêmulo que algum dia irá se decompor e morrer. A cultura muda tudo isso; faz o homem parecer importante, vital para o universo, imortal em alguns aspectos".
 -Ernest Becker

       Essa bela frase estampa a verdadeira realidade. O mundo real nunca foi fácil de admitir, mas terrível. Olhar a vida como ela é exige frieza e esvaziamento das emoções. Nascemos, vivemos, envelhecemos... e morremos. Quem alguma vez voltou da sepultura ou do mundo dos mortos para nos dizer o que vem depois da morte? Por causa disto, o ser humano precisa da cultura; a cultura o salva do nilismo. De ver a vida como ela é; cultura permite com que o ser humano tenha uma fuga da realidade agoniante. Por isso o homem sempre se viu e se vê como o centro do universo. A descoberta de que somos só mais um planeta e  no imenso cosmos e de que nós giramos ao redor do sol, já imputou uma enorme ferida em nosso ego; a descoberta de que nossa liberdade é limitada pelo nosso inconsciente, genética, leis da física como tempo e espaço, e contexto cultural... imputa outra ferida devastadora no nosso ego. E desta forma, a vida vista exclusivamente por este ângulo nos deixa trêmulos e nos sentimos como animaizinhos no enorme zoológico da existência. Mas fico feliz ao saber que o homem sabe  camuflar isto muito bem e dar sentido à sua vida por meio da cultura, religião, festas, hobbys e etc. Sua capacidade criativa o distrai destes fatos esmagadores e o faz viver em uma alegre (ou não) gincana da existência. Ela começa com a volúpia por fama, sucesso, dinheiro e boa qualidade de vida e o distrai de forma alienável. A ciência também é um mais hobby para quem quer descobrir de onde viemos, o porquê estamos aqui e se somos os únicos neste enorme multiverso. A religião também procura as mesmas respostas de outras formas e quer responder as mesmas perguntas. E a gincana continua até o dia em que voltamos ao pó. Nunca mais viveremos as mesmas experiência que estamos vivendo nesta jornada e também não sabemos se encontraremos, em outra dimensão talvez, as pessoas com quem convivemos por aqui. Por isso, viver com intensidade e como se não houvesse um amanhã, tratando as pessoas como devem ser tratadas, isto é, como gostaríamos de sermos tratados, é uma boa ideia vinda de animais trêmulos que moram em um grão de areia da enorme praia do universo.
#Prosador

Imagem em:
<https://www.buscaporsentido.com.br/estaria-a-sociedade-caminhando-para-o-niilismo/>
Acesso: Jan, 2018.

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