Hipócrita! Palavra inspirada na Grécia antiga para descrever os atores que usavam diferentes máscaras, portando diferentes expressões em uma cena. O hipócrita teatral foi incorporado no nosso vocabulário, expressando a pessoa que pode ter mais de duas faces, mentirosa conscientemente, contradizente (falando uma coisa e fazendo outra, totalmente oposta). Odiar um hipócrita é fácil, conviver com ele... é mais fácil ainda! Pois todos somos hipócritas e reconhecemos a hipocrisia mútua quando nos convém reconhecer, e quando elas são semelhantes e correspondentes.
Somos cegos para enxergar nossas contradições; e quem quer amar um hipócrita heterogêneo da nossa hipocrisia? Nem pensar! É uma puta tarefa dificílima, pois não conseguimos nos amar em hipocrisia, que dirá o outro. Ficamos estapafúrdios com a hipocrisia alheia; em um belo dia, eu estava assistindo The Big Bang Theory (uma série famosa da Warner) em que Leonard estava em um episódio numa mesa de um refeitório, conversando com Sheldon e Howard. Leonard viu um famoso físico passar no refeitório e falou invejosamente mal dele; enquanto isto, este físico veio em sua direção pedir para trabalhar com Leonard em um projeto, e rapidamente, Leonard mudou de humor e o elogiou, sentindo-se honrado. Após o físico sair de cena e Leonard olhar a cara de espanto e sarcasmo de seus companheiros, que notaram a hipocrisia e bipolaridade do invejoso, Leonard rebate meio constrangido: "O que é? Nunca viram um hipócrita antes?"
Esta ironia e sarcasmo retribuido, com a qual Leonard responde o espanto alheio à sua hipocrisia, representa uma faceta humana aprendida em nós, desde que vivemos em sociedade. E não é algo comum o fato das pessoas se acostumarem com a hipocrisia, pois não admitem a sua própria; mas deveria ser comum. Pois todos somos hipócritas (variando apenas a intensidade), assim como todos nós somos (ou quase todos) seres amáveis, cordiais, solidários, irados, críticos, mesquinhos, idólatras, caluniadores, simpáticos, falsos, etc. Porém, admitir a hipocrisia de forma aberta é considerado um atestado, para muitos, de sincericídio. De carta branca para não sermos confiáveis pelo meio social, pois desistimos de nos auto-sabotar com negações desta verdade simples, mas complexa de admitir.
#Prosador
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