domingo, 30 de dezembro de 2018

O Infernoso Conceito de Inferno


       
De um casal lindo com palavras afáveis e posturas cordiais à determinada mulher, levando lapadas na cara de seu marido revoltado
De amigos que se amavam e se humanizavam em grandes conversas e repletos momentos à brigas com assassinatos orais e chuvas de palavras afiadas.
De uma linda filha que despertava sorrisos no pai ao acabar de nascer,  à morte violenta daquele sádico estuprador que não poupou sua própria filha.
De um homem que antes sorria pela vida e pelo ser humano a um deplorável fiel relogioso que reprime os que pensam diferente e agora os condena ao inferno, de acordo com seu fundamentalismo religioso...
"O inferno são os outros!", Exclamou Sartre.
  O conceito de inferno da religião cristã, influenciado também pela cultura grega, idealizando um deus sádico que faz churrasquinhos de pessoas que não se comportaram de determinada orientação religiosa, é que é um tremendo inferno! E Sartre, procurando a libertação de dogmas e ideias que retiravam a responsabilidade e liberdade do ser humano, define o que é inferno: são os outros. Nada causa mais sofrimento do que as ações do próprio ser humano contra ele mesmo; o estado de espírito infernoso das situações descritas anteriormente, são responsabilidade daqueles que a praticaram!
George Orwell disse: "A humanidade precisa se libertar do conceito de Deus e Diabo e admitir que ela mesma faz o bem e o mal." Pois para ele e para Sartre, jogar a culpa de nossas mazelas em Deus ou o Diabo, ou em teceiros e quartos, é sinal de fraqueza e desonestidade de espírito. Bem como nos auto-sabotar através de racionalizações e negações de comportamentos e ações que sabemos serem nossa responsabilidade. E nós somos parte "dos outros" na visão daquele que nos olha do lugar em que está, por isso essa frase faz de nós verdadeiros possíveis diabos na vida alheia.
   Mas para você, caro amigo(a), que ainda acredita que haverá um inferno posterior que queima pessoas como churrasquinhos eternamente e que acredita em um deus desta extirpe, desejo-lhe coragem para viver. Pois numa mais simples lógica este pensamento infernoso é desmontado. A lógica de que: se existe um Deus que se afirma bom e existem seres humanos que são taxados como "naturalmente maus" e estes seres humanos que são "maus", conseguem elaborar um sistema prisional-punitivo que ao invés de queimar pessoas por seus crimes ou deixá-las trancafiadas sem assistência social, tentam reabilitá-lo para viver na sociedade (não incluo o sistema carcerário do Brasil nisto), que dirá Deus que é considerado "bom" e "superior à mentalidade humana", considerada má. Mas o religioso tolo dirá: "Você não pode entender a Deus e sua soberania; ele é soberano e faz o que quer!"
Esta mentalidade vem de longa data, sendo consequência de conceitos escolásticos que influenciaram o cristianismo medieval e sobreviveram à reforma protestante e que retratam um deus sádico, caprichoso, mimado, fazendo sua própria vontade sem se importar com o resto do seres humanos e outras formas de vida. Não importa o que o indivíduo faça e como utiliza sua liberdade, pois no final, ele está condenado a um lugar para ser atormentado para todo o sempre... muahahahaha.
São conceitos fatalistas gregos, antes de tudo (e não somente gregos); retratando uma divindade  antropomorfizada (dotada de traços humanos) de ira, raiva, etc... assim como o inferno possui conceitos terrestres, como "lugares e elementos" (como por exemplo o fogo) que são aplicados em outra dimensão, jamais conhecida pelos vivos. E assim vemos como o inferno cristão é influenciado, em grande parte, pela mitologia dos gregos e pela lógica da antiguidade repleta de mitos e analogias de seu tempo, tentando retratar um plano inacessível para todos os vivos (ou seja, o famoso inferno cristão).
#Prosador
Segue o vídeo do Slow sobre o inferno grego:
<https://youtu.be/KIDYlkndNMA>
Acesso: dez, 2018.

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