Existem três caminhos a serem tomados quando um ser humano caminha sobre este plano terreno. Aquele que foi jogado nesse absurdo de mundo sem ter pedido para nascer, tem três alternativas para caminhar no seu lar temporário.
O primeiro caminho é o caminho da fé; o caminho da fé é o caminho mais fácil, comparado aos outros. Este caminho tem o chão dourado e liso, ar condicionados dentro de suas estruturas, bem como apoios e muletas para se caminhar. O caminho da fé é o caminho da verdade absoluta; pronta e acabada. Em que não se precisa questionar se existe, ou não, outro plano além deste; muito menos questionar este plano atual; é o caminho em que a confiança na revelação da verdade tem que ser total! No caminho da fé a existência é anestesiada por aquele que fixa seus pensamentos e esperanças em outra dimensão, acreditando que a vida aqui é somente um estalar de dedos. A divindade tem seus planos para a vida dos que acreditam nela e vivem aqui; a divindade é a grande arquiteta do universo e tudo o que ela fez é perfeito. Tudo o que os fiéis precisam fazer é somente seguir os rastros que a divindade deixou para estes neste plano, através das revelações escriturísticas ou de outras formas ocultas à ciência.
O segundo caminho é o caminho do ceticismo e incerteza; neste caminho sombrio e incerto por natureza, o mundo é muito imenso. Este é o caminho mais desconfortável de se trilhar, mas o mais próximo do Real. A realidade é incomunicável de forma plena e a verdade é temporária, mutável e medíocre. Nesse caminho não existe a palavra absoluto; ele se opõe ao primeiro caminho, sendo contra a ingenuidade que aprisiona o ser humano da realidade. O caminho do ceticismo é o da desconfiança por essência; existem mundos ou planos fora este? divindades existem? Quem somos e para onde vamos? Estas perguntas são irrespondíveis por este caminho, pois não são possíveis e passíveis de investigação. Ora, a ciência é a prova do que vemos e certeza do que examinamos; enquanto a fé é sua antítese. Quando eu seguia o primeiro caminho, eu acreditava que ciência e fé andavam juntas, querendo conciliar as duas rotas. Mas tentar ligar estas duas rotas, seria criar um acidente entre dois trens opostos, que passariam pelo mesmo trilho e se chocariam frontalmente.
Por fim, o cético considera que o caminho da fé é alternativo; o cético não nega a existência da divindade ou não existência. Ele apenas considera que não sabe de nada neste enorme universo, e que só sabera se existe algo além deste plano, quando um dia ele partir dele. Mas o ateu é mais um presunçoso que sem ter esperado sua hora de partir, deu seu veredito, negou a existência de coisas que não pode provar, fugindo do alcance da ciência que é investigar o que é tangível. O ateu tem sua própria religião, o ultraceticismo; enquanto o religioso e o homem de fé cultiva sua religião de supervalorizar a falta de evidência para um lado (crença); o ateu supervaloriza falta de evidência para o outro (o da descrença). Sendo assim, o ateu segue o caminho da descrença, o terceiro caminho. O caminho de verdade absoluta de que não existe nada além desse plano, nem alma, nem espírito e nem nada que o primeiro caminho afirmou, mas não pode provar. O ateu afirma que não existe ao invés de dizer que não sabe se existe ou não. O ateu inventa a realidade da certeza absoluta do nada após o fim de um organismo vivo, chamado Homo Sapiens, neste plano. Mas ele não pode provar concretamente essa definição, assim como o religioso não pode provar a sua. O ateu é tão ingênuo quanto o religioso no final das contas e o cético considerado covarde pelos dois arrogantes.
Mas quem é o cético? É aquele que caminha numa corda bamba se equilibrando entre um lado e outro; tenta não cair nem para a direita, nem para a esquerda; nem para frente, nem para trás. É aquele que cochicha esquizofrênicamente para dentro de si: "Perdoe-me, Deus, caso você exista e eu não tenha ligado!" E depois de uma leve inclinada para a direita, se desequilibra para a esquerda e cochicha para si: "Perdoe-me caso fui infantil em meus mitos e ingenuidades sobre a realidade; caso quis me apoiar em muletas para amar a vida como o absurdo que ela é." E assim o cético bambaleia em sua corda, convivendo com a incerteza obscura da existência.
#Prosador
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