domingo, 8 de julho de 2018

Mesquinhar

 

O que significa mesquinhar? É obvio que todos sabem ser o ato de ser mesquinho; e o que significa ser isto? O dicionário tem ao todo sete definições deste adjetivo. As mais ressaltantes são: "1)Demasiadamente agarrado a bens materiais; avaro, sovina. (o que é consequência da próxima definição). 2)Que demonstra estreiteza de espírito e de visão. 3)Falta de grandeza, de magnanimidade." 

Mesquinhar, portanto, significa ser um espírito tomado por visão frívola, medíocre, acomodada, preguiçosa, reducionista, limitante e indiferente com o resto da vida e de todas as áreas resultantes e integrantes dela. Esta ação esta presente no nosso cotidiano (de forma inconsciente e deliberada) de modo que em alguma área e, em certas intensidades, todos somos mesquinhos. E o que fazer para vencer essa nossa estreiteza de espírito e falta de grandeza, seja com bens e/ou pessoas? Ou achas estares isento deste câncer na alma? Sim, ser mesquinho é sofrer de um câncer na alma. E a grande quimioterapia... é o sofrimento. O sofrimento vai minando nossa mesquinharia e plena desvalorização pelas coisas da vida; coisas que achávamos possuir. O sofrimento descortina a ilusória vida de fachada que levamos e que achamos ter controle. Cartola bem soube disso, bem como um dos interpretes de sua música: Cazuza. Ao compor o mundo é um moinho, Cartola expressou o concreto de forma poética e magnânima, sem mesquinharia: 

" Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó..." 
-Cartola 

Nesta bela percepção de vida, o autor diz que o mundo (a vida; existência) é um moinho (instrumento para moer, triturar e estraçalhar diversos produtos como cana de açúcar, trigo e grãos variados) e o que sobrar da matéria bruta destes produtos, é consumido. Da mesma forma, a existência nos tritura em nossa brutalidade para com ela, os nossos sonhos mesquinhos e egoístas, e nos dá tapas na cara e reduz nossas ilusões, utopias, pessimismos e acomodações a pó. Em resumo, nos ensina a sermos gente com o mundo, com o nosso semelhante e com nós mesmos. É claro que nem todos precisam sofrer para aprender e nem devem pedir sofrimento; ele é generoso com todos e não faz discriminação de idade, sexo, etnia, espécie e ideologia. Todos sofrem e o sofrimento é uma pedagogia alternativa para quem despreza o aprendizado da observação da vida alheia. 
#Prosador 

Imagem em: 
<https://blogdacidadania.com.br/2013/08/essa-elite-mesquinha-nao-aceita-dar-nem-um-osso-ao-povo/>
Acesso em: Julho, 2018.

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