Trilhos... vastidões de trilhos. Alguns arrebentados, velhos, vencidos pelas chuvas ácidas de lembranças humilhantes. Os trilhos são os fragmentos; restos de memórias. Viviências do passado que marcaram; marcaram como trilhos no solo.
Trilhos novos e lúcidos, marrons vivos e incrivelmente preservados; são as memórias mais recentes. Os trilhos novos são fáceis de criar caminho ao trem.
Oh, meu d(D)eus!!! O trem! A locomotiva das emoções... o trem em respectivo é a representação do cérebro. O grande leitor de trilhos, de traços de memórias. O inconsciente é o porão repleto das memórias mais obscuras... memórias que são os trilhos de uma mina de carvão sombria. Humilhação, dor extrema, vergonha, consternação: trilhos meio marrons de lembranças como aquela sapatada na cara que tomei do meu projetor ainda na infância! Da humilhação de músicas perversas que aqueles dois colegas de classe parodiavam insultuosamente: "O Marco pegou ele de jeito e ele só gritou! É... o Meiller é bi!"
Ah... surras e patifarias que recebi da vida e de agressores! Mas calma... o trilho continua... memórias de trilhos vibrantes que causam no trem cerebral o efeito da lentidão: alegrias! Aaaah! Aqueles passeios... aqueles abraços... aquele Cheetos com molhinho especial, aquele cheiro característico de terra molhada no quintal da minha avó! Ah, aquela Mocinha de chocolate que ela me trouxe certo dia.
São tantas vivências e explosões que me fazem... oh Deus... oh... o coral da... IGREJA??? As súplicas ao... ao... Carrasco! Ah, a repressão cristã! O pai celeste vira carrasco e objeto para reprimir. O pai celestial morreu??!?!... veio a descrença e a dúvida! Morre o rapazola carola, cheio de fé absurda e de metafísicas teleológicas!
Surge o questionador agudo e transtornado pela repressão do sexo, do instinto, do corpo sendo tocado sem a coerção pecaminosa. AH! Obscuras trevas foram os meses de profunda negação daqueeeeles pensamentos. Daqueeeeles impulsos... daqueles pecados repugnantes! Salta-me o líquido inesperado e nunca antes visto: branco, meio acinzentado! Que passou naquele dia? Fantasia numa bela de uma sodo... céus! Nem pensar! "Efeminado? Sou eu... eu sou?" "BI!" Respondem os demais trilhos anos depois, esclarecidos pela eliminação da bipolaridade e da dualidade exclusivista. Estavam certos meus agressores da quinta série! "O Meiller é bi!"
Aaah... trilhos mais lúcidos! Avançados deveras: a ninfa dos meus olhos! A amada, de ímpeto bravio e impaciência para termos rebuscados! "Vai pra puta que pariu, Gabriel!" Diz em voz de riso, voz anasalada pela carne esponjosa do nariz!
A dama de momentos e fases; fases diversas de todas as matizes de emoções. O silêncio... o tapete de sua casa em que me abrigo em meditação! As pernas cruzadas e a memória de refúgio em Buda! Sentar e meditar... silenciar os trilhos... os TRILHOS DESGOVERNADOS!!! Silenciar o os vagões do trem: a mente! Sim, a danada da mente que mente! E ora mente, ora engana, ora sente!
Fortes e fracos trilhos... curvosos e em zigue zagues... e também retos. Todos eles um dia findam... todos se apagam NO BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS!
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