quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Relativizando a Relativização




O equilíbrio entre a relativização e a objetividade é necessário na nossa sociedade e para nós, enquanto seres humanos. "Em que sentido?" Alguém pode perguntar. No sentido de condições mínimas para que a vida seja propícia entre a espécie humana e entre todos os outros animais e seres vivos. 

Se adotarmos a relativização, este jogo seduzente para os filosofadores, para todos os temas e todos os aspectos da vida, tudo irá virar um caos. Pois se tudo é relativo, tudo vira uma grande confusão cósmica; irei exemplificar com assuntos bem claros e pontuais. 

Se começarmos a relativizar verdades e regras em nossa sociedade, como por exemplo: matar é proibido; o estupro e o abuso infantil é errado e inadmissível; deixar alguém morrer de fome é errado; o nazismo, fascismo, o racismo, a homofobia, e a misoginia são errados e destrutivos; guerras são resultado da brutalidade da humanidade e da ganância humana, etc... aonde a sociedade e a vida humana irá parar?

Todos esses tópicos e todos os outros que não podemos nos recordar no momento, devem ser objetivistas e mantidos como "verdades absolutas". E este é o contraponto da relativização e desconstrução de tudo. Manter certos pressupostos como certos e como regras é fundamental para o funcionamento da sociedade e da vida. Neste sentido, a relativização pode gerar a destruição da vida, da sanidade e da ordem mínima. Esses imperativos são mais do que necessários e devem ser compactuados por todos. Não estou, com isso, dizendo que não existem excessões em um pressuposto ou outro dos tópicos anteriores, por exemplo: mataríamos Hitler em prol da vida de seis milhões de judeus? No meu ver: lógicamente! Ao ver de outros nem isso. Usaríamos a ganância e competitividade para tonar o mundo um lugar melhor? Talvez, se fosse possível usar os impulsos dela para coisas boas sem causar destruição. 

Tirando o ponto das excessões da regra, todos percebemos que uma filosofia da pura subjetividade e relativização gera incoerência para com a realidade do mundo. Sendo assim, o imperativo de: "uma pedra é uma pedra", "fatos são fatos", colocam o relativismo integral como uma conversa de loucos e insanos que não compreenderam o intuito da relativização e os seus limites. Por isso, relativizar a relativização, assim como relativizar o objetivismo, é sinal de equilíbrio, e definição de parâmetros mínimos para que não existam divagações filosóficas e sem sentido. O objetivismo puro gera opressão, bem como o subjetivismo puro e seus desdobramentos. 

A filosofia deste "bate e assopra" e "corta  costura",  representa a tenuidade com que o filósofo, ou aprendiz a filósofo, deve desenvolver. Os sentidos apurados de um filósofo, não somente os racionais e cerebrais, mas os instintos, emoções, intuições, pressentimentos... devem estar alinhados em prol de sua visão ampla e profunda. Isto não significa que as variáveis de pensamento irão ser iguais ou semelhantes para todos os filósofos, mas que a sanidade e o utilitarismo filosófico de cada filósofo será aceitável. 

E quando se fala de filósofo, fala-se de qualquer ser humano; não somente os simpatizantes da Filosofia enquanto disciplina ou estilo de vida. Mas do ente fenômenico que faz intermédio entre o pensar e o agir de cada ser humano, independente de sua crença, ideologia, rótulos, espectros políticos, sexo, gênero, etnia, condição existencial, etc. 


-Gabriel Meiller

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