terça-feira, 28 de setembro de 2021

O desejo em Nietzsche e Schopenhauer




   Toda filosofia de algum pensador é norteada pelo princípio de espaço-tempo, isto é, possui um contexto específico em que ela surge. "Desta lei jamais escaparás", acrescentou a História. Sob todo o invólucro de pensador divinizado, entronizado em sua filosofia, sempre há o lado humano, demasiado humano; analisável e passível de relativização deste pensador.


Alguns, é verdade, estão mais distantes e cobertos pela falta de documentação de sua época, de sua psiquê, tornando-se vultos históricos, obscurecidos pelos relatos dos relatos dos relatos de quem eles eram ou deixaram de ser. Sócrates, Pitágoras, Homero, Platão, Jesus, Buda... são exemplos de vultos que foram preenchidos por arquetipias, anseios humanos do que eles deveriam ser. Essa fábrica de heróis, de ídolos, começa quando o suposto herói não pode ser tocado, nem conhecido concretamente. 


Na caso de Schopenhauer e Nietzsche, estes espíritos são mais palpáveis, delineados, conhecidos. Suas ações, vidas, traumas, derrotas, abrangentes escritas, etc. Através desta máxima de que estão mais próximos de nós e são psiquês passíveis e possíveis de análise e conhecimento... podemos afirmar que a filosofia destes autores é uma síntese de alguns determinantes: contexto histórico; criação e experiências pessoais/subjetivas; e inspirações teóricas e filosóficas destes autores. 


Schopenhauer é conhecido pela sua máxima de que o desejo é equivalente ao sofrimento, sendo esta máxima retirada e absorvida do budismo. Mais do que isso: o desejo é o ente metafísico que governa todas as coisas de forma voraz, desgovernada, intransigente. O mundo schopenhaueriano não é ordenado, racional, nem linear; mas a expressão da loucura do desejo e do acaso. Nunca, na história da filosofia, o pessimismo filosófico foi tão bem sucedido quanto em Schopenhauer. Um sistema metafísico ateu foi o que Schopenhauer deu ao mundo, através de suas influências filosóficas baseadas em Kant e na antiga filosofia indiana/búdica. Sua vida depressiva, os impactos com a miséria humana em suas viagens, a morte de seu pai e a falta de sintonia com sua família fez de Schopenhauer o que ele se tornou. 


Existem certas condições na existência que aguçam os sentidos dos filósofos e uma delas é o sofrimento. A condição em que Schopenhauer foi colocado na existência deu a ele uma visão ampla e aguçada que influenciou o outro filósofo: Friedrich Nietzsche. 


O mestre do martelo um dia foi um devoto cristão em tenra idade; seus avós e seu pai foram pastores protestantes.  Ah, o ethos protestante esmagador! O protestantismo foi um catolicismo astuto e racionalista. E as seduções do ethos protestante passaram diante dos olhos de Friedrich Nietzsche. Afinal, era uma tradição familiar desde seu bisavô a formação de pastores e homens protestantes. Como escaparia Friedrich deste destino ascético que o aguardava? Sua primeira perda ocorreu com a morte de seu pai aos seus cinco anos de idade. A figura paterna... a responsável pela proteção, consolo e segurança se foi e este órfão aprendeu desde cedo o que evidenciaria em sua filosofia: o caminhar sem muletas! Afinal, desde criança este jovem Nietzsche aprendeu a caminhar por si mesmo e por suas percepções de mundo. Seria necessário que se cumprisse a palavra que o destino proferiu sobre ele: "este será o Übermensch!"


Sua forma de honrar o falecido pai foi decidir seguir o seu caminho e através disso o jovem Nietzsche entrou para o Ginásio de Naumburgo com dez anos e decidiu se dedicar a estudar a Bíblia. Quanto mais se aprofundava, mais questionava o cristianismo e suas aberrações. Aquilo que o esmagou e quase o matou... o fez mais forte! E que força manifestou o jovem Nietzsche ao ir para a Guerra Franco-Prussiana e ao beber da cultura grega os pressupostos de que a vida é uma constante luta entre o fraco e o forte, que manifesta sua vontade de potência e impera sob os fracos. Em Nietzsche o desejo é levado ao êxito, à realização e ao capricho dionisíaco. O indivíduo é instinto, potência, realização desejosa e tudo o que aflora de dentro de si. Pecado seria não ouvir a si mesmo e aos impulsos da natureza humana; o mais grave pecado seria se alienar do mundo do aqui e agora em detrimento de "verdades eternas", de ideais que veneram o nada: nihil. E o niilismo foi invertido em Nietzsche, e passou a significar toda metafísica que condena a única vida: a vida terrena. 


Ao ser esmagado pelo cristianismo, Nietzsche se fortalece na certeza de que tudo o que importa é colocar a vontade de potência no centro de tudo. Um profundo egotismo e uma repulsa aos imperativos categóricos, bem como o culto ao indivíduo é o pensamento central de Nietzsche. Os ídolos? Todos passam pelo martelo; cristianismo, comunismo, democracia, budismo e outras religiões... todos para as favas. Esses ideais de ressentidos, do populacho que precisa se definir a partir dos fortes e condená-los por dominarem sobre a Terra... são todos décadence. A compaixão é loucura, pois promove a conservação dessa decadência, do fraco. 


O insucesso com as mulheres e rejeição vinda delas, bem como o convívio desagradável com a mãe e irmã de Nietzsche, deu a ele o ar misógino que tanto faltava para a cereja do bolo. O que dizer então de forma geral da filosofia de Nietzsche? Uma filosofia de antítese. Um combate mortal e incansável contra o cristianismo e contra os ideais platônicos e metafísicos. Eis o que fez com que Nietzsche se tornasse o "filósofo de adolescência", isto é: lido por adolescentes antes de se tornarem adultos. Seria possível que esses jovens, ao crescerem, não notassem o princípio de realidade de Freud? De que nem sempre o além-homem, a vida de surfe no acaso da existência, a vida estética como obra de arte e de prazer como finalidade máxima, são possíveis de realização? 


A utopia nietzschiana é estilhaçada quando o discípulo de nietzsche dá de cara com a realidade e enxerga que nem sempre o desejo traz satisfação plena e de que nem sempre o além-homem supera a si mesmo e anda sem as muletas existenciais. Desta forma, percebemos que tanto Nietzsche, quanto Schopenhauer enxergam a importância do desejo e sua devastadora influência sobre o mundo. Porém, a forma que cada um lida com essa realidade se manifesta de formas opostas entre eles. 

-Gabriel Meiller

sábado, 11 de setembro de 2021

Os "blá blá blás" não ecológicos

 



Estou cansado dos "blá blá blás"

Do mais do mesmo sobre os "blá blá blás".


Estou cansado das picuínhas do inutilismo; do sermão do padre do nada. 

Do proclamador da loucura da normatividade. 


Estou cansado do militante querendo moldar o mundo à sua imagem e semelhança.


Do irritante reacionário que quer conservar o patriarcado e a loucura da escravidão pós-moderna.


Estou cansado do LGBTQI+..... que quer que todos o chamem pelo pronome que ele tirou do.... (censura) sem ter nenhum senso de que o tio João e a dona Maria não sabem nem o que é o LGBTQI+...


Estou cansado do fiscal do politicamente correto; bem como do tiozão que fala tudo na cara sem pestanejar. Chega de marxismo, de neoliberalismo, de cristianismo, de ateísmo, de todos os "ísmos" existentes que vão apenas ficar inutilmente nos ísmos. 


Estou farto de todo crítico que tem hobby em criticar por criticar, sem nada a acrescentar. Dos que usam a Bíblia para tentar me mudar; ou a ciência para tentar me delimitar. 


Todos para as favas, para a Cochinchina; para o cabaré; para onde os deixem em paz, sem precisar ter motivos para usarem todo o seu "Blá blá blá".


Estou exausto de todo este "blá, blá, blá..." pois enquanto ele continua: o clima continua a piorar, a natureza a se prejudicar... e a Terra a adoecer. Com todo esse "blá, blá, blá..." até mesmo o "mais lúcido e filosófico blá, blá, blá..." em breve não haverá mais "blá, blá, blá..." pois a Terra irá nos extirpar, nos vomitar, pelo clima que está prestes a piorar. 


Se todo proselitismo cristão; se toda chatisse e militância ateia; se todos os demais "blá, blá, blás" fossem dedicados a preservar o meio ambiente, o ecossistema, a origem de todas as espécies... talvez, mas só talvez, o mundo fosse um lugar melhor e menos chato. 


-Gabriel Meiller

domingo, 5 de setembro de 2021

O zumbido zombeteiro deveras absurdo de uma mente agnóstica

  


" É... como o mundo é complicado e complexo. Cacete, hein... pior que se fosse só o mundo que fosse assim, menos difícil seria. Mas ainda tem outros mundos no próprio mundo... aff! Os mundos interiores de cada um, de cada mente que mente a si mesma. 


Tanta religião, tantas guerras, pobreza e miséria; tantos executivos pobres... pobres de alma e ricos em matéria; adornados pela religião do amor ao próximo, mas vazios do amor e do próximo. 


Se bem que.... o que seria o amor e quem seria meu próximo? Devo aceitar o conceito de amor cristão e o conceito de próximo também deveras cristão? Hum... sei lá! Depende... de cada contexto, acho eu. 


Mas essas pessoas que só pensam em si... elas devem ser muito sem Deus no cora... pera! Deus no coração? Mas deus não existe! É uma invenção da mente humana pela necessidade de proteção, afeto, conforto, estabilidade... é a projeção paterna na metafísica. Acho que deve ser isso mesmo. Afinal, Freud disse isso, não é mesmo? 


É... é isso mesmo! Ou não? Não! Peraí! De que deus Freud falava? Todos? Do judaico cristão? Acho que dá na mesma, afinal, todo ateu coloca tudo no mesmo saco. Mas peraí... o que é deus? É força criadora, além do plano físico e originador desse plano físico? É algo, alguém, ou nenhuma dessas duas categorias? 


Puts... assunto confuso pra burro... pra burro não é, né? Afinal, ninguém que fosse burro ou desinteressado pensaria consigo mesmo dessa forma. Mas o que não entendo é sobre o que é ser ateu; alguém que não acredita em nenhum dos deuses e no Deus cristão, ou alguém que também não acredita em nada além do material? É possível ser ateu de uma Força criadora? Uma Força criadora diferente das divindades antropomorfizadas e que atribuíram nas divindades as emoções e sentimentos deveras humanos? Ira, julgamento, amor, bondade, condenação, destino... etc? 


Agora fica mais difícil rotular e diferenciar um  ateu... ou melhor: ateus de ateus! Afinal, qual a garantia que temos de que realmente o senhor Freud acertou na loteria cósmica? Se acertou, acertou no deus cristão antropomorfizado, corrompido pela cultura cristã eurocêntrica e judaico primitiva. Pois é possível condenar o conceito humano da Força criadora e não a Força criadora inumana e amoral? Talvez...


Eita... isso é uma forma teísta sofisticada de se pensar? Não... mas não sou teísta. Nem sei se cabe no teísmo essa Força criadora; se caber, também não sei se acredito nisso.  Quais as evidências de algo metafísico... ou não evidências? Difícil! Talvez eu seja louco por pensar assim, tenha ultrapassado os limites da sanidade.


Mas... quem disse isso? Ah, acho que o meu pai evangélico; ou aquele ateu que disse que estou andando à deriva, sem um rumo. Ué... mas... mas... peraí! Por que pensar dessa forma é andar à deriva? Quem estipulou que devo seguir um lado? O que é lado? O que estou seguindo não é considerado um lado? Por quem? Pois pra mim é um lado, sim! Ah... talvez seja aquela coisa lá, né? A tal da normatividade. Esses que me disseram que devo seguir um lado estão seguindo a tal da normatividade. Deve ser isso... coitados! 


Acho que eles devem pensar que sou indeciso com essa tal coisa de visão de mundo. Mas eu, sendo agnóstico, sou isso mesmo? Ou eles é que querem que eu adote um 'lado'? Pois eles devem pensar que se eu não adotei um desses lados, talvez eles possam estar equivocados nas visões deles... e reconstruir a definição e as certezas deles que seriam destruídas... seria horrível para eles. Coitados! Tudo bem, melhor deixar isso para lá, não vão me entender. Aliás, essa coisa toda de discriminar os supostos 'isentões' não é nada novo. 


Na questão sexual os mestres da normatividade questionam e discriminam os bissexuais. Pensam: 'Eles são indecisos, com essa história de amarem homem e mulher ao mesmo tempo. Eles precisam escolher um lado, ou um, ou outra!'  E acham que é irreconciliável essa condição humana; afinal, será mesmo? Mas muitos desses não professam em seus livros que 'tudo é possível ao que crê'? Ora, bolas! Estão querendo ser os mestres da normatividade mesmo! Que coisa chata a arrogância humana! Presente em todos, até em mim. É o que dizem os mestres da normatividade, pelo menos. Mas sei que em mim também há a arrogância; afinal eu sou humano, demasiado humano. 


E o que dizer dos mestres da normatividade que repudiam o ato de querer as duas coisas além da sexualidade? Misturar o salgado e o doce; mergulhar o pão francês no café com leite? Irão dizer, esses mestres da normatividade, que isso é coisa de louco. Que é resultado de uma alma que quer tudo e não quer nada! Arre... não me deixam em paz nem em meus gostos alimentares!


E gostos políticos então? Os da direita me condenam, e os da esquerda também. Não posso eu ser um social democrata? Não posso discordar da cartilha de São Marx e das doutrinações de Adam Smith? Posso... e devo! Afinal... tenho cérebro, tenho personalidade. 


Mas e o que dizer das teleologias? O teísta pensa que o mundo foi feito por Deus ou Deuses para um propósito. Há no final da insignificante vida humana um destino? Céu e inferno? A reencarnação? O renascimento? O fim de tudo e da matéria? Afinal, outra visão teleológica  quase inexplorada, é a tal da visão ateia. 


Ah... esses ateus! Afirmam dogmaticamente o seguinte: deus, e não só ele, mas toda a metafísica, é uma criação da mente humana pois a realidade é fria, difícil de se tragar; a vida é o que é, e temos que aceitá-la sem mitos. Afinal são muletas humanas para suportar a realidade. 


'É mesmo?' Penso em tom zombeteiro; e se não for isso? E se invertermos esse raciocínio? Se formos transvalorá-lo? A transvaloração dos valores ateus! O tiro que sai pela culatra! 


E se existir a tal da metafísica? Se existir a Força criadora desantropomorfizada? Ou se existirem ao menos outras vidas? E os ateus, com receio de aceitar estas premissas por causa do que a religião fez com elas, negam elas. Pois a interpretação  e aplicação humana do metafísico na antiguidade era pífia, ruim, agressiva, manipuladora e redutora. E os ateus podem estar questionando essa interpretação, achando serem elas a verdade, ou melhor, a mentira. E são! Mas são pela má interpretação humana da existente metafísica? Ou da inexistência dela mesma? Esse é o ponto... do qual eu não faço a mínima ideia!


Por que a realidade tem que ser fria ou alegre? Porque não as duas coisas? Por que o bom tem que ser mitificado? Ao menos nem uma vez iremos nos dar bem? Ao menos uma vez essa estranha história de que depois dessa vida as coisas vão melhorar não pode ser verdade? Talvez... quem sabe... sei lá! Talvez seja, talvez não seja. 


Mas independente dessa discussão toda... não acho que ateu e teísta sejam inteligentes ou burros! Crença não define  nada disso. Mas a aplicação dessas crenças! Eu acho... talvez! Pois existem ateus burros e cristãos burros! E ateus inteligentes e cristãos inteligentes! Mas e os agnósticos? 'Ah.. esses são mais sóbrios e inteligentes ainda!' Ops... essa foi minha arrogância falando. Devo me policiar! Na verdade inteligência e burrice vão além de rótulos de qualquer epistemologia e cosmovisão! Mas mais inteligente ainda é quem não rotula ninguém como inteligente ou burro por causa de sua visão de mundo... "


Assim fervilhou minha mente enquanto eu estava a caminho de algum compromisso. 


-Gabriel Meiller  

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Relativizando a Relativização




O equilíbrio entre a relativização e a objetividade é necessário na nossa sociedade e para nós, enquanto seres humanos. "Em que sentido?" Alguém pode perguntar. No sentido de condições mínimas para que a vida seja propícia entre a espécie humana e entre todos os outros animais e seres vivos. 

Se adotarmos a relativização, este jogo seduzente para os filosofadores, para todos os temas e todos os aspectos da vida, tudo irá virar um caos. Pois se tudo é relativo, tudo vira uma grande confusão cósmica; irei exemplificar com assuntos bem claros e pontuais. 

Se começarmos a relativizar verdades e regras em nossa sociedade, como por exemplo: matar é proibido; o estupro e o abuso infantil é errado e inadmissível; deixar alguém morrer de fome é errado; o nazismo, fascismo, o racismo, a homofobia, e a misoginia são errados e destrutivos; guerras são resultado da brutalidade da humanidade e da ganância humana, etc... aonde a sociedade e a vida humana irá parar?

Todos esses tópicos e todos os outros que não podemos nos recordar no momento, devem ser objetivistas e mantidos como "verdades absolutas". E este é o contraponto da relativização e desconstrução de tudo. Manter certos pressupostos como certos e como regras é fundamental para o funcionamento da sociedade e da vida. Neste sentido, a relativização pode gerar a destruição da vida, da sanidade e da ordem mínima. Esses imperativos são mais do que necessários e devem ser compactuados por todos. Não estou, com isso, dizendo que não existem excessões em um pressuposto ou outro dos tópicos anteriores, por exemplo: mataríamos Hitler em prol da vida de seis milhões de judeus? No meu ver: lógicamente! Ao ver de outros nem isso. Usaríamos a ganância e competitividade para tonar o mundo um lugar melhor? Talvez, se fosse possível usar os impulsos dela para coisas boas sem causar destruição. 

Tirando o ponto das excessões da regra, todos percebemos que uma filosofia da pura subjetividade e relativização gera incoerência para com a realidade do mundo. Sendo assim, o imperativo de: "uma pedra é uma pedra", "fatos são fatos", colocam o relativismo integral como uma conversa de loucos e insanos que não compreenderam o intuito da relativização e os seus limites. Por isso, relativizar a relativização, assim como relativizar o objetivismo, é sinal de equilíbrio, e definição de parâmetros mínimos para que não existam divagações filosóficas e sem sentido. O objetivismo puro gera opressão, bem como o subjetivismo puro e seus desdobramentos. 

A filosofia deste "bate e assopra" e "corta  costura",  representa a tenuidade com que o filósofo, ou aprendiz a filósofo, deve desenvolver. Os sentidos apurados de um filósofo, não somente os racionais e cerebrais, mas os instintos, emoções, intuições, pressentimentos... devem estar alinhados em prol de sua visão ampla e profunda. Isto não significa que as variáveis de pensamento irão ser iguais ou semelhantes para todos os filósofos, mas que a sanidade e o utilitarismo filosófico de cada filósofo será aceitável. 

E quando se fala de filósofo, fala-se de qualquer ser humano; não somente os simpatizantes da Filosofia enquanto disciplina ou estilo de vida. Mas do ente fenômenico que faz intermédio entre o pensar e o agir de cada ser humano, independente de sua crença, ideologia, rótulos, espectros políticos, sexo, gênero, etnia, condição existencial, etc. 


-Gabriel Meiller

domingo, 29 de agosto de 2021

O Vício do Unilateralismo Epistêmico


 Uma não tão criticada chaga, presente no cotidiano dos "mais intelectuais", se chama unilateralismo epistêmico! De maneira grosseira podemos descrevê-lo como a alienação numa visão de mundo a partir de uma única ou de poucas ciências ou perspectivas científicas. O que isso significa em exemplos concretos?


 Um indivíduo que entra em um curso de ciências biológicas e começa a enxergar o mundo somente a partir da cosmovisão biológica. Ou seja: de que o ser humano e os demais seres vivos são destinados a nascer, se reproduzir e passar seus genes adiante, cumprindo a lei natural da degeneração, ou seja: a morte! 


Mais adiante temos um indivíduo que entra em um curso de história e começa a enxergar tudo como histórico: história da matemática, história da filosofia, história da política, bem como o fato dos homens serem mais filhos de seu tempo do que de seus pais, reféns dos períodos históricos. Existe algo novo para o conhecedor das mentalidades humanas e assistidor das grandes atrocidades do espírito humano? Ele diz, farto de tudo, o mesmo que Cazuza: "Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades!" 


Logo em seguida entra em cena o graduando em psicologia, viciado na perspectiva de dissecar a mente humana; enxergando-a não somente como fruto de sua época, mas como fruto de sua criação, traumas, determinações psíquicas, mecanismos de defesa, etc.  Cada ser humano vira alvo de pesquisa laboratorial... cada palavra e expressão é analisada friamente e de forma calculista, pois o psicólogo persegue padrões na cobaia analisada. 


Semelhantemente podemos dizer isto sobre o estudante de filosofia que enxerga os reles mortais como "mentes fechadas", necessitados de libertação do senso comum e da padronização e normatização sufocante. A alegoria da caverna sempre é relembrada pelo aspirante a filósofo com grande saudosismo. 


O astrônomo/astrofísico começa a enxergar os seres humanos como simples pontos no meio do nada (o que em parte somos) e sua perspectiva é de olhar para a imensidão do cosmos, que empalidece a Terra e suas pobres criaturas cheias de humanismo e valores morais inúteis perto do imenso universo. 


O químico, aquele bruxo científico, enxerga o mundo como uma consequência de mistura de substâncias que podem alterar estruturas orgânicas, estados de consciência; tudo é um aglomerado de substâncias que podem estar em equilíbrio para a vida na Terra, ou em desequilíbrio, para a sua ruína. 


Essas visões unilaterais são comuns nos primeiros anos de curso (ou de aprendizagem autodidata) de cada indivíduo. Eles certamente necessitam passar por esse processo de aprofundamento, que gera essa unilateralidade momentânea. Porém, depois de um tempo é necessário o processo de sínteses mais transdisciplinares. Em que a consciência do indivíduo começa a cruzar estas epistemologias, fazer novas sínteses, confrontar cosmovisões, montar o quebra-cabeça do todo da existência... e chegar a conclusões amplas, que desistem de unilateralizar o ser humano e o universo. Somos, lógicamente, um pouco de todas essas perspectivas anteriores mencionadas. Mas nós, o universo e os seres vivos, não nos reduzimos a isto somente; a transcendência está no fato de que o olhar humano é limitado demais perto da grandeza do Real, do que de fato as coisas são em realidade, para além das caixinhas epistemológicas ensinadas nos livros, nas universidades, na ciência, na religião, na arte, etc.


A realidade está sempre além das nossas perspectivas e olhar presunçoso de topeira! Como afirmou Shakespeare: "Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia...".


Sendo assim, só podemos superar o vício do unilateralismo epistêmico quando somos bagaçados e surpreendidos pela realidade e aprendemos a desenvolver a humildade epistêmica. 


Nisto consiste a minha espiritualidade: enxergar que o universo sempre tem algo a nos contar de novo! Sempre está disposto a nos surpreender com a sua complexidade e sua desobrigação de nos corresponder. Aos mais ateus, peço a sensibilidade de interpretarem a palavra espiritualidade sem o invólucro religioso, pois a religião não pode mais monopolizar palavras desse tipo... não! Ela não possui mais poder algum sobre elas! 


Gabriel Meiller

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

O ceticismo além do ateísmo

 O Ceticismo Além do Ateísmo


  



Muito tem sido debatido, desde a antiguidade, sobre a existência ou inexistência de deuses, e outros conceitos metafísicos como karma, espíritos, reencarnações, outros planos, renascimentos, etc. A consciência do homo sapiens nestes milhares de anos se expandiu coletivamente de forma avassaladora. De conceitos míticos e metafóricos à conceitos mais literais e pretensamente objetivos. Os livros sagrados e suas teodiceias representam o engatinhamento da humanidade em termos de conhecimento racional de mundo. Vivemos em uma sociedade cristã, que cultua a Bíblia e interpreta o surgimento do mundo literalmente, como o Gênesis, que já há muito tempo foi desmistificado pela teologia não denominacional, bem como abordagens antropológicas, históricas e biológicas. 


Até o espiritismo acredita na evolução, bem como o budismo, assim como alguns cristãos mais esclarecidos e não doutrinados pelo fundamentalismo. O Gênesis é um mito! E o que a palavra "mito" quer dizer? O mito é uma tentativa da humanidade, em sua infância, de explicar as suas origens, quando ainda era desprovida de literalidade e da capacidade tecnológico-científica de investigação desses assuntos. 


Com o desfecho histórico da Antiguidade, através da queda do Império Romano do Ocidente, e com a Europa alicerçada no cristianismo, como resultado da fusão da cultura greco-romana somada à cultura bárbaro-germânica... surge o homem medieval. As religiões pagãs foram vencidas pelo cristianismo, e o homem medieval foi envolvido numa redoma de religiosidade, tomada pelo ódio ao corpo, valorização do espírito, do invisívelmente intocado. Explicações mais naturalistas, bem explicadas pelos filósofos jônicos e atomistas, foram dispensadas e a superstição tomou conta do Ocidente. Fogueiras, inquisições, cruzadas e guerras em nome de conceitos não objetivos, ocorreram. 


Conforme o medievalismo foi sufocando a alma medieval, saturada pelos dogmas, niilismos, e dualidades... o homem medieval recorreu aos gregos e ressuscitou uma cosmovisão que havia adormecido, ou melhor, sido adulterada pela fusão de culturas no início da Idade Média e pelo apropriamento católico da filosofia grega. O crescimento da burguesia, o renascimento, e a ânsia por explicações mais racionais possuíram os homens daquele tempo. E então a ciência moderna começou a ser embrionada no útero medieval-moderno! O contexto do surgimento da ciência moderna é marcado não só pelo cansaço do homem com a superstição por um lado; mas opostamente, também, com a curiosidade dos cientistas para tentar explicar as obras de Deus. Ao ver de alguns, o universo era criação de Deus: perfeita, admirável, bem calculada, etc. Vendo desta forma, através de dois pressupostos simultâneos e complementares, a ciência era o cansaço da religião, do mítico, de Deus; bem como a tentativa de explicar como ele fez e organizou o funcionamento do universo. 


O homem medieval não resistiu ao tempo, transitou para o homem moderno, e estamos aqui no homem pós-moderno! A ciência consolidou seu valioso princípio: explicar o "como" das coisas, mas nunca "o que" elas são. Isto ela relega para a filosofia e sua tentativa caprichosa de tentar esta árdua e impossível tarefa. Mas como funciona a ciência? Essa pergunta é imprescindível, visto que todos querem usá-la para validar suas crenças, dizendo: "É científico, viu?" Ou seja: "é indiscutível, acabou aqui esta discussão!"

Podemos dizer que a ciência é uma investigação humana que procura o confronto de ideias/teorias e fenômenos, bem como a falseabilidade delas e a repetição destes fenômenos em laboratórios. Quando não podem ser repetidos, busca-se a comprovação desses fenômenos ou dessas teorias por outros meios, como por exemplo a teoria da evolução: comprovado pelo registro fóssil, pela bioquímica e estudos fisiológicos e anatômicos. 


Mas e as teorias e crenças que não podem ser testáveis ou falseáveis? "Sinto muito" diz a ciência! "Não podemos nos pronunciar a respeito disso." E então é quando qualquer indivíduo que possua excelentes capacidades argumentativas e predisposição para o "cherry picken" (pinçagem a gosto, conveniente), pode formular suas explicações racionais com base em sua interpretação da ciência e do que ela NÃO DISSE, por obedecer aos princípios falseáveis como norteadores de sua investigação. Neste ponto, temos que saber separar "fatos" de  "crenças e opiniões" e é neste ponto que a honestidade e a humildade epistemológica separa um pensador maduro de um pensador imaturo e desonesto. E a questão da existência ou inexistência de deuses, espíritos, reencarnações, outros planos, etc... é levantada novamente!  Estes conceitos existem de fato? O que são eles? Se existem, interpretamos eles adequadamente e de quantas formas possíveis? Pois o deus cristão tem sido concebido de forma carrasca, e muitos ateus são mais ateus do deus cristão do que qualquer outra coisa. Os deuses não existem? Como sabemos? Como podemos bater o martelo e provar cientificamente que todos eles são invenções da mente humana? Podemos?


Perceberam? Não há garantias de nada, mas apenas especulações! Não há ciência para selar a crença na existência de metafísica, nem de sua inexistência. Pois para a ciência: ausência de evidência, não significa evidência de ausência! Tanto o ateu, quanto o teísta/deísta/místico estão subordinados a uma crença. Um está subordinado à crença da existência de outros seres e de uma vida após a morte; já o outro, está alicerçado na crença do nada após a morte, somente do fim da consciência e da matéria. Muitos conseguiram ser céticos com os conceitos metafísicos teístas... mas poucos usaram o ceticismo para o nada, para questionar a crença na inexistência de fenômenos metafísicos. O ceticismo em relação ao ateísmo é tão necessário quanto o ceticismo nas ideologias metafísicas. 


Com isso em mente, surge em 1869 o termo agnosticismo, cunhado por Aldous Huxley (mas sendo de origem grega) que nega a ilimitação da razão para encerrar uma discussão tão grande sobre a existência ou não de divindades e outros assuntos. Para o agnóstico, ou seja, "aquele que nega ter o conhecimento", o mundo é complexo demais para dizer um "sim" ou "não" para estas questões. A razão é frágil e limitada (apesar de seus  avanços e utilidades) comparada com a totalidade da existência, e insuficiente para afirmar ou negar categoricamente alguns desses pressupostos. 

Agnosticismo é o ceticismo da razão, de sua capacidade ilimitada. Seja o indivíduo um agnóstico; agnóstico teísta/deísta, ou agnóstico ateísta, ele reconhece essa fragilidade da razão, e assume sua crença com ressalvas, com humildade, com ceticismo! Pois o ceticismo vai muito além do ateísmo!


-Gabriel Meiller.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Pós-modernidade

 Que pós-modernidade é esta que estamos? Nada nunca antes eu tinha visto jamais algo assim na história da humanidade. A pós-modernidade, atual período em que estamos, é a terra das bolhas, das diversas verdades, mentiras, dúvidas, tribos, ideologias, invenções, doenças, etc. 


Nos humanizamos ou desumanizamos? "Sim e não! Talvez..." diz a pós-modernidade. Essa esquizofrênica era democrática carrega todo tipo de questionamentos, ao mesmo tempo em que nenhum! "Para que questionar?" Pensam os acomodados que só enxergam limites na vida boêmia de badaladas festas e vida consumista. "Vivemos para o capitalismo!" Confessam eles com suas vidas. Enquanto outros enraivecidos militam: "Vivemos para destruir o capital e a família patriarcal!"


Enquanto isso, o filósofo usa seu tempo tentando entender o que é o mundo... o que ele tem se tornado. Ele pensa, pensa, pensa, pensa... e não conclui nada. Pois nessa era o buraco é mais fundo... e as conclusões é que nada nunca antes visto é o que somos hoje. 


O religioso já sabe que nem merece perder seu tempo em busca de respostas... ele já as encontrou no refúgio da sua religião e da sua espiritualidade. 


E o João??? Tadinho do João. Acorda para trabalhar, passa dez horas na rua, volta para casa, mas antes disso passa na padaria para comprar pão. Ao chegar ele toma seu banho para relaxar, cuida do filho e da esposa, assiste ao noticiário que despeja notícias pontuais e pessimistas em sua mente calejada, e vai para a cama dormir para repetir o ciclo novamente de manhã cedo. 


Que porra de vida é essa? É isso a modernidade? Uma matiz de várias realidades que coexistem? Sim. Um "no land" para ninguém, mas ao mesmo tempo "o paraíso da conquista para todo aquele que se esforçar e não ser mais alguém que vai sair pela urina da história" disse o coaching Matheus. 


Entendem meus caros? A pós-modernidade é tudo e nada; a ida para Marte e a morte da Terra, através das fortes mudanças climáticas. Só nos resta viver essa loucura e no final de tudo perecermos, cônscios de que somos homens do tempo, fadados ao espírito da época e às imposições do tempo-espaço. 

sábado, 21 de agosto de 2021

Brilho eterno de uma mente sem lembranças

 




  Trilhos... vastidões de trilhos. Alguns arrebentados, velhos, vencidos pelas chuvas ácidas de lembranças humilhantes. Os trilhos são os fragmentos; restos de memórias. Viviências do passado que marcaram; marcaram como trilhos no solo. 


Trilhos novos e lúcidos, marrons vivos e incrivelmente preservados; são as memórias mais recentes. Os trilhos novos são fáceis de criar caminho ao trem. 


Oh, meu d(D)eus!!! O trem! A locomotiva das emoções... o trem em respectivo é a representação do cérebro. O grande leitor de trilhos, de traços de memórias. O inconsciente é o porão repleto das memórias mais obscuras... memórias que são os trilhos de uma mina de carvão sombria. Humilhação, dor extrema, vergonha, consternação: trilhos meio marrons de lembranças como aquela sapatada na cara que tomei do meu projetor ainda na infância! Da humilhação de músicas perversas que aqueles dois colegas de classe parodiavam insultuosamente: "O Marco pegou ele de jeito e ele só gritou! É... o Meiller é bi!" 


Ah... surras e patifarias que recebi da vida e de agressores! Mas calma... o trilho continua... memórias de trilhos vibrantes que causam no trem cerebral o efeito da lentidão: alegrias! Aaaah! Aqueles passeios... aqueles abraços... aquele Cheetos com molhinho especial, aquele cheiro característico de terra molhada no quintal da minha avó! Ah, aquela Mocinha de chocolate que ela me trouxe certo dia. 


São tantas vivências e explosões que me fazem... oh Deus... oh... o coral da... IGREJA??? As súplicas ao... ao... Carrasco! Ah, a repressão cristã! O pai celeste vira carrasco e objeto para reprimir. O pai celestial morreu??!?!... veio a descrença e a dúvida! Morre o rapazola carola, cheio de fé absurda e de metafísicas teleológicas! 


Surge o questionador agudo e transtornado pela repressão do sexo, do instinto, do corpo sendo tocado sem a coerção pecaminosa.  AH! Obscuras trevas foram os meses de profunda negação daqueeeeles pensamentos. Daqueeeeles impulsos... daqueles pecados repugnantes! Salta-me o líquido inesperado e nunca antes visto: branco, meio acinzentado! Que passou naquele dia? Fantasia numa bela de uma sodo... céus!  Nem pensar! "Efeminado? Sou eu... eu sou?" "BI!" Respondem os demais trilhos anos depois, esclarecidos pela eliminação da bipolaridade e da dualidade exclusivista. Estavam certos meus agressores da quinta série! "O Meiller é bi!"


Aaah...  trilhos mais lúcidos! Avançados deveras: a ninfa dos meus olhos! A amada, de ímpeto bravio e impaciência para termos rebuscados! "Vai pra puta que pariu, Gabriel!" Diz em voz de riso, voz anasalada pela carne esponjosa do nariz! 

A dama de momentos e fases; fases diversas de todas as matizes de emoções. O silêncio... o tapete de sua casa em que me abrigo em meditação! As pernas cruzadas e a memória de refúgio em Buda! Sentar e meditar... silenciar os trilhos... os TRILHOS DESGOVERNADOS!!! Silenciar o os vagões do trem: a mente! Sim, a danada da mente que mente! E ora mente, ora engana, ora sente! 


Fortes e fracos trilhos... curvosos e em zigue zagues... e também retos. Todos eles um dia findam... todos se apagam NO BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS! 

terça-feira, 1 de junho de 2021

Apelo à humildade epistemológica

 



O que tenho a falar é muito sério, embora seja levado de forma banal por muitos. Isso muda vidas de forma indireta, a longo prazo e de forma concreta.

A humildade é importante para tudo na vida e um combate contra a ignorância e arrogância. Quanto mais achamos que sabemos de tudo... mais somos ignorantes e arrogantes.

Mas quando somos solapados pela vida ou escurraçados por alguém que nos mostra o erro e o quanto somos ingênuos... começamos a abraçar a humildade.

A humildade epistemológica  quer dizer: humildade quando vamos tratar de algum assunto científico. Quando estudamos sobre algo, necessitamos ter a noção de que existem outros pontos de vista. De que ler um livro de filosofia, não é como ler uma receita de bolo; e se você achar que fazer um bolo é fácil... já perdeu de novo para a arrogância. Pois existem bolos e bolos... o confeiteiro que o diga!

Hoje li um post em um grupo de Facebook. Ah... os grupos de Facebook! São os perfeitos lugares para que a arrogância floresça, bem como no Whats app.

O post afirmava que a bissexualidade era inata ao ser humano e que Freud falara isso. Porém, o leigo esqueceu de procurar o significado que Freud dava para a bissexualidade. E desta forma, no mundo da sua mente, todos eram comprometidamente bissexuais.

Mas Freud usava o termo de bissexual para pessoas que tem tendências em pulsões "homossexuais" no sentido de terem prazer em estar com os amigos no futebol, ou com as amigas dos shopping. Não tinha a ver com o reducionismo dessa pessoa, que mistificou Freud.

Pobre Freud... demonizado por cristãos conservadores e mau entendido por progressistas desavisados.

A escala de Kinsey é uma forma didática da sexologia falar sobre a sexualidade humana. O bissexual é, sim, a maioria da população. Mas a maioria da população não sabe disso e nem pratica isso. A sexualidade é como uma matiz de pulsões.

Existem os estritamente homossexuais em um lado da escala; os estritamente heterossexuais no outro lado da escala. E no meio das pontas dessa escala... os bissexuais. Não o bissexual, mas os bissexuais, pois existem vários tipos de bissexuais. Os que gostam mais de um lado do que outro, e os 50/50, que nutrem gostos iguais por ambos os sexos.

Complicado? Nem arranhei a superfície. Mas isso basta para ilustrar apenas, que a sexualidade humana não é simples, nem preto no branco. Não estou falando de IDEOLOGIA DE GÊNERO, OU TEORIA DE GÊNERO, ou CLASSIFICAÇÃO DE GÊNERO.

Peço aos mais conservadores que separem os bois! Se forem me rotular... que me rotulem como um progressista moderado. Não me chamem de comunista; aos que estão mais à esquerda do que eu... não me rotulem como conservador ou isentão. Isso é feio e infantil! Os rótulos limitam em um determinado momento e servem apenas para negar alguma coisa que você se incomoda.
#prosador

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Modernidade Insana

 Até agora nunca vivemos nada parecido em nossa vida. De fato, nada parecido e nem semelhante no cúmulo da semelhança. Pois nunca, até o momento, nós vivemos esse momento que está "momentando", ou seja: se passando. 


"Tic tac, tic tac...", urge o relógio que desestabiliza o contador em seu escritório. "Tic tac, tic tac... toc!" Passou sua vida, e ele se enxerga um grande fracasso. Pobre Renato, que não conseguiu um salário de quatro mil; nem sequer uma namorada dos sonhos, e muito menos uma vida estável com filhos felizes e alegres. 


Acorda, Renato! Acorda meu bem! Pois na modernidade, tal qual no conto de fadas, tudo deve acabar muito mais do que bem!    Se não acabou, você fracassou.


Ah, o que dizer desta geração? São como crianças iludidas que acham que de tudo podem fazer e ter. Falam por debaixo da saia de Nietzsche, esperando palmas e coroações da vida. Mas esquecem que é necessário pagar o preço da famosa filosofia do martelo. É deveras importante ter culhão para aguentar a vida sem nenhuma ilusão ou metafísica perturbadora.