quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

A filosofia de um psicopata

 


(Texto fictício e totalmente voltado à leitura de entretenimento; quem assistiu Dexter, Dhamer, ou filmes de violência deve entender que é um assunto bastante presente e não oferece, neste texto, nenhuma apologia a quaisquer atos de violência ou crime, apenas um retrato poético e com fins de entretenimento)  


Mea culpa... penso eu junto aos frágeis superegos implantados em mim. Esses artifícios vagabundos que meus criadores tentaram implantar em mim de forma malsucedida (pois eu percebi a encenação hipócrita deles), foram totalmente inúteis. Meu pai: alcoólatra, canalha agressor de mulheres, viciado em drogas em geral, como por exemplo: mirtazapina, cocaína, paracetamol, e outros meios para afogar sua alma deprimida. Minha mãe: gélida com o mundo, indiferente, mas extravasadora em boates clandestinas... aquela que coloca chifres em meu pai, com atos que demonstram que ela é muuuuito amada por meus outros inúmeros papais. 


As pessoas são tão hipócritas, vivendo em seus mundinhos de ilusões, esperanças para momentos fortuitos da vida, como por exemplo: conclusão do ensino médio, entrada e saída na faculdade, o começo em uma profissão de salário mediocremente suficiente para que não desejem crescer e nem suas demissões... são todos um bando de contentes. Hahaha... "contentes", entenderam? Aquelas pessoas que olhamos para elas, como se fossem uma criança procurando minhocas na terra escura, e sorrindo de forma exagerada por achar tal minhoquinha; e então continuamos olhando com um olhar misericordioso e que demonstra o quanto tal criança é ingênua por se divertir com tão pouco. E então exclamamos afavelmente: "Óh, contente!" Ha ha ha ha ha ha...


Os seres humanos em geral são um bando de contentes, seres ingênuos e inofensivos... totalmeeeente inofensivos. Às vezes quase sinto pena em abatê-los e deixá-los algumas horas em meu armário até o momento em que faço tal desova de seus corpos. A vida é fugaz, senhores. Saibam disso e aproveitem com alegria contente seus próximos momentos, porque nunca se sabe quando chegará os vossos destinos. Os acidentes são as partes trágicas para as vítimas desavisadas, mas alguns mortais têm a honra quando cruzam meu caminho e entram para uma forma honrosa de morrer. Tadinhos... são pessoas contentes demais, passam da simples observação das minhoquinhas e colocam elas na boca. Essas pessoas já aproveitaram demais a vida, passaram do direito de viver tão ingenuamente. A elas eu ofereço a passagem de mundos e as coloco no barco do Caronte que as transporta em segurança a seus destinos finais, he he he. 


Mas eu não sou tão psicopata assim ao ponto de comer uma tortuguita diretamente pela cabeça... eu a como de forma ritualística. Minhas vítimas são lentamente abatidas, ao ponto de sentirem o mundo com as mais diversas sensações e níveis de dor. Ah... a dor! A dor me encanta... vocês já pararam para pensar na filosofia da dor? A dor ressignifica a vida e dá a ela intensidade na mesma medida que o prazer. A dor está tão perto do prazer... já cantava Fred Mercury. Sem a dor, o prazer não existe, bem como o bem não pode subsistir sem o mal como seu alicerce. Vejam o nosso Senhor Jesus Cristo... não seria ninguém sem Lúcifer corrompido em Satanás e a história da redenção seria perdida. Sua honrosa e intrigante morte na cruz, que nos trouxe a paz, só foi possível pela trama diabólica de nosso corajoso Judas, influenciado por Satanás. Aí está o homem, senhores, o verdadeiro redentor da humanidade: Judas! 


É a ele quem cultuo, com a finalidade de realçar de forma esplêndida a justiça e a santidade de nosso Senhor Jesus Cristo.  Eu faço o trabalho pesado de Judas ao trair o bando de contentes e dá-los um desfecho mais contido, que equilibra e desconta todas as alegrias exacerbadas que tiveram durante a vida. Entendem? Acredito que vocês entendam... mas se não entendem, eu posso explicar: existe uma lei que o culto à Judas, de uma seita ocultista, é bem claro: quem vive intensamente e de forma demasiada, consome de forma mais rápida o pavio de duração de sua vida. Como se fosse um incenso que não se apaga, mas possui sua chama muito acesa e consumidora de forma voraz. E por causa desse saldo extremamente positivo em que a vida alegre e eufórica consome o tempo cronológico deste contente... eu sou enviado como anjo da morte. Como um executor que apaga a vela que já está chegando ao seu final. 


Vejam bem, meus caros, não é algo pessoal essas violências que cometo; é apenas minha função, como mais um ente da natureza. Eu sou mal e isso não deve ser levado como algo ruim, mas como um mecanismo inerente à vida; eu sou um servo da morte e sirvo a ela, assim como o leão abate sua preza, ou como os vulcões acabam com o solo pelo fato de expelirem lava do interior da Terra.


Desta forma, tenho o poder de equilibrar as energias neste mundo, como tudo deve ser. Nem muito contente, nem muito melancólico; aos que esqueceram da vida e a odeiam... dou a eles motivos para amarem. Não os mato; eu decepo algumas de suas partes e dou a estes uma segunda chance, um renascimento nesta vida. Os deixo de frente com a morte para que percebam o quão valiosa é a vida e depois... os liberto com as marcas de Judas; e poderão dizer: carrego em mim as marcas de Judas e por isso amo esta vida.


-Gabriel Meiller, criador do personagem.

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