Não estou preocupado com a verdade...
Não me interessa a verdade; muito menos deus... são todos a mesma essência: invenções.
Não estou preocupado com os valores, estou preocupado com a valoração.
Não tolero valores demasiado sérios, demasiado rígidos.
Quem está preocupado é quem se ocupa previamente; eu apenas me ocupo no presente a cada valoração.
Olhem lá: eis que surge uma criança inocente.... Aaah!!! Ela mal chegou ao mundo... e se encanta com este! O encanto é obra da inocência, da bendita despretensão.
Ela engatinha... e depois caminha. A cada descoberta, uma nova impressão sobre a vida.
A criança se encanta, mas depois volta ao normal; se enfeza, mas depois esquece a fonte do enfezamento: eis aí a grande obra do esquecimento. Ou melhor: do "presentimento", do agir do presente no ressentimento através do esquecimento.
O que é cobiçado e assaltado da criança? O entusiasmo pela descoberta da vida, pela mudança constante de suas sensações e percepções.
A criança é exploradora por natureza, não possui eixo; mas os pais são os velhacos emburrados com a vida que empurram valores a elas.
Rígidos, doutores do saber; valoradores sérios: estes tratam a verdade de forma verdadeira e a falsidade de forma igualmente verdadeira.
A fronte craniana dos adultos aumenta, suas cabeças crescem demasiado porque focam na discriminação entre a verdade e a mentira. Enquanto isso a despretensão da criança é confirmada por sua moleira ainda frágil e a se fechar!
Haja córtex pré-frontal para aguentar tanta firmeza de julgamento. Eis aqui uma verdade: tanto enrijecimento da musculatura cerebral adulta que clama por álcool e pelas drogas, ocorre justamente pelo demasiado foco!
Mas a criança é livre, senhorxs. Livre para experienciar, o que não a isenta de riscos.
"O que é a verdade e a mentira?"
Cada definição é uma tentativa de enquadrar a realidade à nossa mente: não existe verdade senhorxs! Existe o real! Existe o que não se julga plenamente. Já o "existir" de algo implica em duas coisas: No "em si", no "algo". E também no observador que filtra o em si em sua observação.
Cheguei à conclusão de que não há existência se não houver um ser existente para completá-la e quem sabe até criá-la em nome da verdade.
Não me perguntem o que é esse "em si"; não serei pretensioso ao dizer o que é algo que simplesmente é! A verdade é arrogância de todo aquele que passou da infância para a vida adulta e julga poder discriminar a realidade.
Não há fatos, somente interpretações feitas pelo aparelho psíquico de algo que está "aí fora" de nós.
Mas e quem disse que a criança liga em discriminar ou fazer um tratado do que "é" e do que "não é"? Ou que se aborreça em definir teoricamente a verdade e a mentira?
Ah, pobres coitades! Não entenderam ainda que a criança quer o brincar? Ela ama as sensações que provêm da arte! Esta é a sua redenção: encarar o mundo pelo mundo, o ser pelo ser! A finalidade passou muito longe de sua bendita inocência!
-Gabriel Meiller
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