Quem somos nós? De onde viemos e para onde vamos? A maior parte dos questionamentos humanos e das identidades humanas giram em torno dessas perguntas fundamentais. Viraram perguntas batidas e cafonas para muitos, embora todos saibam sua importância.
E então nós navegamos em resposta a essas perguntas e às variações delas. Muito bem, senhores: eu já naveguei pelos sete mares em busca das melhores respostas a essas perguntas e a conclusão que eu, um jovem adulto de 27 anos, cheguei é esta: a vida é Lila! "Lila" é um conceito oriental e hinduísta que diz que nosso mundo é uma criação dos deuses, isto é, um brincar criativo dos deuses. Não somente isto, mas estendido a nós: esse conceito diz que a vida é uma grande brincadeira na qual somos atores e atrizes! É a vida como despretensão, isto é, sem uma finalidade única e eterna como as vertentes ocidentais cristãs enxergam.
Esse é o princípio e a filosofia que direciona minha vida, senhores! É a minha visão para a vida: de que ela é o que nós quisermos que seja. Não há um sentido, por isso damos sentido da nossa forma e ao nosso jeito. Isso é um chute que quebra qualquer cabresto metafísico que engessa as personalidades que necessitam de "um eixo" na vida. Esses perfis psicológicos que precisam de um eixo e têm suas razões para aceitarem as religiões escriturísticas e os imperativos categóricos. Mas saibam que à primeira ressaca: esse gesso irá se estilhaçar e o sofrimento será terrível; porque a vida é mar bravio e os deques de eixos metafísicos são constantemente quebrados.
Mas àqueles que se cansaram de procurar um eixo rígido, engessado, um "porto seguro" e estático... digo-lhes que podem procurar um novo "eixo" que na verdade seria um eterno navegar, um eterno vagar! Lembro nitidamente de um membro que comentou em um de meus textos que "eu estava à deriva!". E, de fato, eu estava à deriva na vida e desconstruindo conceitos cristãos dos meus 20 anos (e ainda estou). Eu estava me sentindo perdido e à deriva por estar passando por várias mudanças pessoais e não somente mudanças teóricas e morais. Aquele comentário me fez refletir e achar, ingenuamente, que eu tinha que achar um eixo na vida. Um eixo? Pois bem, meu eixo foi a constante navegação na vida, a constante deriva!
E essa deriva foi suportada teóricamente por noções nietzschianas de destruição das noções metafísicas de "eixo", de "certo" e de "errado". O errante para a moral cristã é aquele que não achou um caminho, não encontrou um certo! É aquele que anda à deriva por vários caminhos, este é o errante: o que anda no erro, ou melhor, nos erros! Essa origem etimológica da palavra "errado" já demonstra que a moral cristã metafísica precisa acreditar em um eixo, e que o eixo, o estável, é o certo! O outro suporte teórico foi justamente a noção de Lila, da vida despretensiosa e sem nenhum sentido coletivo metafísico.
Desta forma, posso ser o poeta das mil faces, como representa Fernando Pessoa! Alguém que coloca diferentes máscaras sociais de acordo com a situação. Este é o meu sentido: brincar de diferentes formas e com os mais variados atores e atrizes. Esse enriquecimento da vida, este culto aos sentidos e à diversidade... este eterno brincar é o meu caminho, a minha verdade e a minha vida. Eu considero humildemente que minha experiência de vida é madura se comparada com de muitos da minha idade. Considero também que nem todos conseguiriam viver dessa forma e precisam se apegar a alguns ideais estáticos e metafísicos. E muitos dos que lêem meus textos acham estranho o fato de eu não ter "um eixo" e podem me rotular como louco. Pois bem:"o louco" é o arquetipo de quem não possui eixos! O louco é aquele que vaga sem nenhum destino. Então, estão certos: este é o caminho da loucura, do peregrino sem destino final, do viajante que ama a experiência do caminho e não o destino em si.
Então continuemos, amigos! E enquanto uns caminham à Terra Prometida sob o canto "Castelo forte é o nosso Deus...", outros cantam " a vida é despretensão e somos poetas de mil faces..." sem nenhum rumo a não ser o que suas vontades decidirem espontaneamente!
-Gabriel Meiller
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